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Projeto Lunar Hatch quer criar peixes no espaço e revolucionar a alimentação de astronautas

Peixes no espaço

Foto: Freepik

Alimentos mais eficientes para o futuro das missões espaciais

Astronautas enfrentam diversos desafios durante missões prolongadas, e a nutrição é um dos mais importantes. Pensando nisso, pesquisadores europeus deram início ao projeto Lunar Hatch, que propõe uma solução ousada: criar peixes no espaço como fonte estável de proteína.

A iniciativa, liderada pelo biólogo Cyrille Przybyla, pretende levar ovos fertilizados de robalo à Estação Espacial Internacional (ISS). Lá, os embriões devem eclodir em ambiente de microgravidade. Por isso, o objetivo é verificar se é possível desenvolver aquicultura espacial funcional e segura.

Peixe: alimento ideal para o corpo humano no espaço

Peixes são uma excelente fonte de proteínas de fácil digestão. Além disso, possuem ômega-3 e vitaminas do complexo B, que ajudam a preservar a massa muscular dos astronautas.

De acordo com Przybyla, do Instituto Nacional Francês de Pesquisa Oceânica, “o peixe é o organismo animal que o corpo humano melhor digere”. Por isso, sua inclusão na dieta dos astronautas pode representar um grande avanço no bem-estar durante longas missões espaciais.

Sistema fechado e sustentável com gelo lunar

O plano vai além da simples criação de peixes em órbita. O projeto idealiza um ecossistema completo na superfície da Lua. Nele, o gelo dos polos lunares serviria como fonte de água para aquários.

Nesse ambiente, os dejetos dos peixes alimentariam algas. Essas algas seriam consumidas por moluscos e zooplânctons. Enquanto isso, camarões e vermes se alimentariam dos resíduos restantes, completando o ciclo e voltando a nutrir os robalos.

Desse modo, o sistema se tornaria quase autossuficiente. Consequentemente, seria possível reduzir a dependência da Terra para o fornecimento de alimentos no espaço.

Resultados positivos em simulações terrestres

Antes do lançamento oficial, os embriões de robalo passaram por testes rigorosos em solo. Foram simuladas as vibrações da decolagem do foguete russo Soyuz. Além disso, os embriões foram expostos à hipergravidade e à radiação cósmica.

Apesar das condições extremas, os embriões se desenvolveram normalmente. Portanto, os pesquisadores se mostraram confiantes quanto à viabilidade da experiência em ambiente espacial.

Agora, a equipe se prepara para enviar os ovos em uma missão real. O objetivo é comparar os dados com os testes em Terra e avaliar os impactos da microgravidade sobre o desenvolvimento dos peixes.

Um marco na alimentação espacial

Outros peixes já viajaram ao espaço, como o fundulo em 1973 e o peixe-zebra em 2015. No entanto, essas missões tinham foco exclusivamente científico. O projeto atual é o primeiro com finalidade alimentar.

Enquanto a missão espacial não é agendada, os cientistas seguem otimistas. Segundo Przybyla, “não podemos precisar quando será o envio, mas esperamos que aconteça em breve”.

Com o avanço das tecnologias espaciais, criar peixes fora da Terra pode ser um passo decisivo para a independência alimentar de futuras colônias lunares. E, quem sabe, também de missões rumo a Marte.

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