E se os livros pudessem ultrapassar as fronteiras do papel e das telas e tomassem conta das ruas, dos muros, da cidade? Pensando nisso e com a intenção de democratizar a literatura, levando as histórias para os caminhos cotidianos das pessoas, o artista Hugo Barros criou o seu projeto Livro de Rua. Realizado com fomento do Fundo de Apoio à Cultura do DF (FAC), a ação é agora finalista do 7º Prêmio PublishNews, um dos mais importantes do mercado editorial no país.
No Livro de Rua, Hugo escreve livros ilustrados e, em vez de levá-los para uma gráfica, como faria com um livro tradicional, outro artista é convidado para grafitar a história nos muros e espaços públicos de Brasília. O resultado são painéis coloridos, com histórias inesquecíveis, que abrem o universo da imaginação para quem passa por ali.
“A ideia é justamente apresentar os livros em um ambiente e em uma experiência diferentes, publicando nas ruas, pintando livros gigantes e, assim, captar novos leitores, incentivar e democratizar a leitura”
Hugo Barros, escritor
Até o momento, são três histórias publicadas pelo projeto: O menino invisível, com grafite de Camila Siren, na 413 Sul; (Des)iguais, no muro da Biblioteca Central da Universidade de Brasília; e Cata Tesouro, no hall de entrada da Biblioteca Nacional de Brasília (BNB), sendo esses dois últimos com grafites de Mikael Omik. E ainda há mais um por vir.
“Para quem não tem costume de leitura, a biblioteca às vezes é meio intimidadora. As pessoas entram e acham que não deveriam estar ali. Então, a ideia é justamente apresentar os livros em um ambiente e em uma experiência diferentes, publicando nas ruas, pintando livros gigantes e, assim, captar novos leitores, incentivar e democratizar a leitura”, explica o escritor.
A ideia de Hugo tomou forma no início de 2018, quando ele buscou o primeiro FAC. Depois veio o segundo fomento, totalizando um apoio de R$ 105.018,00 advindos da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec). O principal retorno, no entanto, é no dia adia, no olhar atento das pessoas que passam, mas se demoram nas histórias narradas em paredes.
Para as crianças, sobretudo, a experiência é ainda mais especial, como explica Amanda Casé, professora de Teoria e História da Arte e contadora de histórias infantis. “O entendimento de que a literatura é algo dinâmico, algo vivo, já é empolgante para qualquer leitor. Mas, quando se trata especificamente da criança, é uma experiência muito mais rica, mais bela. Imagina: você encontrar um livro que é maior que você, que você vai andando e conhecendo ele a partir desse exercício. Somam-se outras formas de aprendizagem, não somente a visão ou a audição, mas, também, o movimento, enriquecendo a experiência.”
A contadora de histórias, conhecida carinhosamente como Tia Amanda, fez a leitura de inauguração do livro gigante da BNB e acompanhou turmas de crianças no local em outras ocasiões. “A riqueza do Cata Tesouro, um livro em que você é pego de surpresa em um espaço arquitetônico, é que gera esse estímulo de uma nova compreensão de como a leitura pode ser 3D”, elogia.
Inovação
O Prêmio PublishNews foi criado pelo portal de mesmo nome, com o objetivo de reconhecer os livros mais vendidos do ano e os profissionais responsáveis pelo sucesso dessas obras dentro do mercado editorial. A edição de 2023 é a sétima da premiação e inclui, pela primeira vez, o Prêmio Inovação do Ano, para reconhecer iniciativas inovadoras do mercado nacional, que estejam em prática há pelo menos três meses.
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Entre ações de todo o país, um júri especializado selecionou três finalistas, entre os quais está o brasiliense Livro de Rua. A votação foi, então, aberta ao público, que tem até esta terça-feira, 28 de março, para participar, escolhendo seu favorito por meio de formulário online. Os vencedores serão anunciados em cerimônia no dia 4 de abril, em São Paulo (SP).
O conceito de inovação é, comumente, associado à tecnologia, ao digital, às novas mídias e, atualmente, até mesmo à inteligência artificial. Mas foi justamente na contramão disso que o Livro de Rua se destacou. “Ao invés de criar novas tecnologias, utilizamos um recurso de comunicação usado desde os tempos das cavernas: as inscrições em paredes. Os livros estão lá, disponíveis para que as pessoas que não têm acesso aos livros, ou não têm hábito de ler, possam fazer isso e descobrir o gosto pela leitura”, defende o criador do projeto.
*Com informações da Secec
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