Esporte como agente de transformação social
No tatame do Centro de Ensino Fundamental (CEF) Dra. Zilda Arns, no Itapoã, jovens encontram no jiu-jítsu uma oportunidade de mudar suas realidades. O projeto social BSBJJ, em funcionamento há oito anos, promove aulas gratuitas de jiu-jítsu com foco na inclusão social e no desenvolvimento de habilidades pessoais e emocionais. Realizado em parceria com a Secretaria de Esporte e Lazer do Distrito Federal (SEL-DF), o programa atende cerca de 200 alunos em três localidades: Itapoã, Samambaia e Paranoá.
O BSBJJ vai além dos treinos físicos, proporcionando aos participantes materiais como quimonos e faixas personalizados, além de acompanhamento escolar e motivação para melhores resultados acadêmicos. Segundo o coordenador do projeto, Israel Costa, o impacto é profundo, especialmente em comunidades vulneráveis como o Itapoã.
“Nosso principal objetivo é tirar os jovens das ruas, dar-lhes um quimono e uma oportunidade para transformar não só suas vidas, mas também as de suas famílias”, destaca Israel.
Iniciativas que promovem disciplina e cidadania
O projeto, apoiado por um termo de fomento de R$ 300 mil da SEL-DF, valoriza a prática esportiva como uma ferramenta para promover respeito, superação e trabalho em equipe. De acordo com o secretário de Esporte e Lazer, Renato Junqueira, o BSBJJ reforça o papel do esporte como agente de transformação.
“Investir no esporte é investir no futuro dos nossos jovens. Projetos como o BSBJJ não apenas estimulam a prática esportiva, mas também desenvolvem valores essenciais para a formação cidadã”, afirma Junqueira.
Além disso, a iniciativa acompanha os jovens dentro e fora do tatame, estimulando boas práticas de convivência e um desempenho escolar positivo. Pais frequentemente relatam mudanças significativas no comportamento dos filhos, que se tornam mais colaborativos e focados em suas metas.
Espaço para todos: das crianças às mulheres
O BSBJJ também inclui uma turma feminina, liderada pela faixa-preta Nayara Alves dos Santos, que incentiva o empoderamento e a autodefesa das mulheres. Nayara ressalta a importância de oferecer um ambiente acolhedor e específico para mulheres, o que estimula a participação em um esporte muitas vezes dominado por homens.
“Mais do que ensinar jiu-jítsu, estamos fortalecendo a autoestima e mostrando às mulheres que elas podem se impor e se defender em qualquer situação”, explica a professora.
A estudante Eduarda Almeida, de 18 anos, destaca como a turma feminina faz diferença no cenário das artes marciais. “Aqui nos sentimos acolhidas e vemos exemplos, como o da Nayara, que inspiram o avanço do jiu-jítsu feminino”, conta.
Impactos positivos para os jovens atletas
Para muitos jovens, o projeto é uma forma de transformar seus hábitos e comportamentos. Asafe Ferreira Reis, de 14 anos, que treina há um ano, ressalta as amizades e os benefícios físicos que adquiriu. “O jiu-jítsu me afastou de coisas ruins e melhorou minha saúde. Antes, eu adoecia com frequência, agora estou mais forte e resistente”, afirma.
Já Ana Beatriz Prata Cruz, de 12 anos, vencedora de dois campeonatos, compartilha como o esporte mudou sua perspectiva: “O tatame me transformou. Achei que seria difícil, mas descobri que o jiu-jítsu é para todos”.