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Pragmatismo nas relações com os EUA de Trump

Muito se fala da postura do governo Lula diante de um Donald Trump mais empoderado e, teoricamente, mais radical nas suas ideias e ações. O caminho, na minha concepção, especialmente nos campos comercial e diplomático, é ser racional e pragmático. Como em um jogo de Xadrez, aguardar as ações do “adversário” e reagir com inteligência emocional, construindo, passo a passo, um Xeque-Mate nas negociações. Na verdade, as armas e o estilo que Trump utiliza como um mestre.
Não se enganem: por mais ideológico e conservador em matéria de costumes, o discurso de Trump é dominado pelas preocupações econômicas, pelos resultados e metas, pelo lucro! Donald é, sobretudo, um megaempresário que não sabe, nem quer, perder. Portanto, não vai, em sã consciência, desprezar a décima economia do mundo (nosso Brasil), à frente de países como Rússia, Coreia do Sul, México, Austrália e Espanha. E mesmo adotando medidas que, num primeiro momento, possam prejudicar as exportações brasileiras, Trump não vai jogar o Brasil no colo da China ou da União Europeia, tradicionais rivais da economia norte americana no cenário mundial. É a Economia, estúpido……! Parodiando a frase cunhada em 1992 por James Carville, então estrategista da campanha presidencial de Bill Clinton contra o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na época. É o que vale no tabuleiro das relações entre países. Especialmente nas nossas relações com os americanos.
As exportações brasileiras para os Estados Unidos ultrapassaram a marca de US$ 40 bilhões no ano passado, pela primeira vez na história comercial entre os dois países. Entre os produtos brasileiros mais exportados, petróleo bruto, aeronaves, café, celulose e carne bovina. Os americanos também aumentaram as vendas para o Brasil. Segundo relatório da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham), as importações de produtos norte-americanos totalizaram US$ 40,6 bilhões em 2024, um aumento de 6,9% em relação a 2023. O crescimento foi impulsionado pelo aumento na compra de gás natural, que respondeu por 55% do crescimento total das importações. Outros itens significativos importados incluem motores, máquinas não elétricas e aeronaves, destacando a importância da relação bilateral para setores estratégicos. Para este ano, as perspectivas também são positivas, mesmo sob Trump. As projeções da Amcham indicam a continuidade de altos níveis de comércio bilateral, com o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevendo crescimento do PIB de 2,8% para os EUA e de 2% para o Brasil.
A racionalidade dos números – aliada às pressões dos setores econômicos com destaque na balança comercial – se sobrepõe ao “pacote de maldades” de Trump. Caçada aos imigrantes ilegais, menos diversidade, mais meritocracia, política territorial expansionista? O mercado e os americanos querem grana, lucro, crescimento, que Biden, aliás, não entregou. É isso que importa. E o presidente Lula, parece, está atento. Já anunciou que não quer briga…. Afinal, é a Economia, estúpido!!!!!

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