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Poupança volta a atrair: depósitos superam saques em R$ 2,1 bilhões em junho

Após meses de perdas, a poupança volta a ter saldo positivo em junho, com depósitos superando os saques em R$ 2,1 bilhões, impulsionados pela Selic alta.
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Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

A caderneta de poupança voltou a apresentar um desempenho positivo em junho, revertendo a tendência de meses anteriores. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (7), os depósitos superaram os saques em R$ 2,1 bilhões, impulsionados, principalmente, pela alta da taxa Selic.

Retorno Positivo da Poupança em Junho

Após um período de perdas, a poupança demonstra sinais de recuperação, registrando o segundo mês consecutivo com saldo positivo. Em junho, o volume de depósitos atingiu R$ 365,7 bilhões, enquanto os saques totalizaram R$ 363,5 bilhões. Além disso, os rendimentos creditados nas contas de poupança somaram R$ 6,4 bilhões, elevando o saldo total da poupança para pouco mais de R$ 1 trilhão.

Contudo, apesar do resultado positivo em junho, a poupança ainda acumula um resgate líquido de R$ 49,6 bilhões no acumulado de 2025. Esse valor reflete a tendência de retiradas observada nos quatro primeiros meses do ano.

Histórico Recente da Poupança

Nos últimos anos, a caderneta de poupança tem enfrentado dificuldades, com um número maior de saques do que depósitos. Em 2023, as retiradas líquidas totalizaram R$ 87,8 bilhões, enquanto em 2024, esse valor foi de R$ 15,5 bilhões. Essa tendência de queda pode ser atribuída, em grande parte, à manutenção da taxa Selic em patamares elevados.

Impacto da Taxa Selic na Poupança

A manutenção da Selic em alta tem incentivado os investidores a buscarem aplicações com melhor desempenho, o que impacta diretamente a caderneta de poupança. No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a Selic pela sétima vez consecutiva, levando-a para 15% ao ano. Essa medida, parte de um ciclo de contração na política monetária, busca conter a inflação.

Em outras palavras, a alta da Selic torna outras opções de investimento mais atrativas em comparação com a poupança, que oferece rendimentos menores. Consequentemente, muitos investidores optam por retirar seus recursos da poupança e aplicá-los em outros produtos financeiros.

Perspectivas Futuras para a Taxa Selic

De acordo com a ata do Copom, a expectativa é que a taxa Selic seja mantida no mesmo patamar nas próximas reuniões, enquanto se avaliam os efeitos do ciclo de alta sobre a economia. No entanto, o Copom não descarta a possibilidade de novos aumentos, caso a inflação apresente sinais de alta. Ademais, o mercado financeiro projeta que a Selic deve encerrar 2025 em 15% ao ano.

Implicações e Alternativas

Diante desse cenário, o Banco Central tem buscado alternativas à poupança para financiar o setor imobiliário. Essa medida visa diversificar as fontes de recursos e reduzir a dependência da caderneta de poupança, que tem apresentado volatilidade nos últimos anos. Além disso, é importante notar que a poupança registrou entradas líquidas de R$ 336,8 milhões em maio, demonstrando uma certa recuperação antes do resultado mais expressivo de junho.

Em conclusão, embora a poupança tenha demonstrado sinais de recuperação em junho, com depósitos superando os saques, o cenário ainda é desafiador. A alta da Selic continua a influenciar as decisões dos investidores, que buscam alternativas mais rentáveis. Portanto, o futuro da poupança dependerá da trajetória da taxa de juros e das medidas adotadas pelo Banco Central para estimular o mercado de crédito e o financiamento imobiliário.