Uma operação conjunta deflagrada na manhã desta quarta-feira, 27 de setembro, pela Polícia Civil de São Paulo e pelo Ministério Público resultou no desmantelamento de uma sofisticada quadrilha de criminosos estrangeiros. O grupo, especializado em golpes virtuais e lavagem de dinheiro, movimentou mais de R$ 480 milhões em atividades ilícitas. A ação policial cumpriu diversos mandados de busca e apreensão, além de prisões, nas cidades de São Paulo, São José dos Campos e Ibiúna.
Detalhes da Investigação e a Abrangência dos Golpes
A operação mobilizou as forças de segurança para cumprir um total de 22 mandados de busca e apreensão e sete de prisão. Inicialmente, a investigação teve seu ponto de partida na cidade de Rosana, localizada no interior de São Paulo, após um morador local denunciar ter sido vítima de um dos golpes. Posteriormente, foi descoberto que os criminosos operavam através de um site fraudulento, hospedado em Istambul, na Turquia. Esse portal era utilizado para simular promessas de altos rendimentos e impulsionar investimentos, enganando as vítimas.
Conforme apurado pelas autoridades, as vítimas da quadrilha estavam espalhadas por todo o território nacional. Em apenas oito meses de atuação, a organização conseguiu movimentar uma impressionante quantia de mais de R$ 480 milhões por meio dessas atividades fraudulentas. Portanto, a dimensão do esquema evidencia a complexidade e o alcance das operações realizadas pelo grupo.
O Elaborado Esquema de Lavagem de Dinheiro
A Secretaria Estadual da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) detalhou o complexo processo que a quadrilha empregava para lavar o dinheiro obtido ilegalmente. Primeiramente, os valores oriundos dos golpes eram depositados em contas digitais de indivíduos conhecidos como “laranjas”. Em seguida, os criminosos assumiam o controle dessas contas utilizando aplicativos específicos, uma etapa crucial para dissimular a origem do dinheiro.
Posteriormente, o capital ilícito era transferido para empresas de fachada, criando uma série de transações que visavam legitimar os fundos. Além disso, para encaminhar os valores aos membros da quadrilha sem levantar suspeitas das autoridades, os criminosos utilizavam estrategicamente fintechs e gateways. A SSP-SP explicou que essas plataformas, que oferecem serviços financeiros digitais inovadores, funcionavam como “pontes” entre sites, lojas e instituições financeiras para processar transações, dificultando o rastreamento da origem ilícita dos recursos.
Extensão e Alcance das Atividades Criminosas
O delegado Edmar Caparroz, responsável pela investigação, enfatizou que o esquema liderado pelos estrangeiros ia além da aplicação de golpes próprios e da lavagem do dinheiro. Conforme revelado, a estrutura da quadrilha também era oferecida para atender outras facções criminosas que buscavam ocultar bens e dissimular a origem de seus próprios recursos ilegais. Isso indica um nível de organização e serviço criminoso ainda mais aprofundado.
Portanto, Caparroz ressaltou que a organização criminosa operava um ciclo completo para dissimular a origem ilícita dos valores. Ele afirmou que “não eram só os golpes que esses suspeitos aplicavam, eles também ofereciam os serviços a outras organizações”, sublinhando a versatilidade e a abrangência das atividades da quadrilha. Ou seja, o grupo não só gerava seus próprios lucros ilícitos, mas também fornecia expertise e infraestrutura de lavagem de dinheiro a outros criminosos, demonstrando uma rede de atuação bastante consolidada.