Moradora da região do Sol Nascente/Pôr do Sol há 19 anos, a dona de casa Ana Paula Maria da Silva, 40, perdeu as contas de quantos caracóis-gigantes-africanos já recolheu em seu terreno. Ela relata que, há alguns anos, sempre no período chuvoso, precisa lidar com a infestação do molusco.
Arte: agência Brasília“Aqui na minha casa tem caracol para todo lado. Eles aparecem no período de chuva no quintal. Eu e meu marido colocamos uma sacola nas mãos e vamos recolhendo. Mas tenho medo, porque sei que eles transmitem doenças”, afirma.
A situação vivida por Ana Paula tem se tornado comum em algumas regiões administrativas do Distrito Federal onde percebe-se o crescimento da proliferação do molusco. “Esse é um problema antigo. Temos relatos da sua presença em todas as regiões administrativas do DF”, conta o biólogo e analista ambiental do Brasília Ambiental, Thiago Silvestre.
Conhecido cientificamente como Lissachatina fulica, o caracol-gigante-africano é considerado exótico invasor e nocivo às espécies silvestres, ao ambiente, à agricultura e à saúde pública, segundo instrução normativa de 2006 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Hermafroditas, os animais procriam a cada dois ou três meses com fecundação cruzada, podendo colocar até 400 ovos por postura. No DF, os moluscos costumam se reproduzir principalmente de janeiro até março, quando o período chuvoso é mais intenso. Habitam áreas agrícolas, costeiras, pântanos, florestas, urbanas e zonas ribeirinhas.
Entre os riscos causados pelo animal está a transmissão de doenças provenientes de um parasita que se hospeda em caracóis: o Angiostrongylus cantonensis. São elas a meningite eosinofílica, uma inflamação que afeta as meninges, e a angiostrongilíase abdominal, uma inflamação intestinal aguda. Também são considerados uma praga agrícola, custando aos agricultores suas safras.
Plano de ação
“Estamos construindo um protocolo único sobre a questão da coleta e da destinação. Precisamos instruir a população de forma correta”
– Thiago Silvestre, biólogo e analista ambiental do Brasília Ambiental
Juntos, Brasília Ambiental, Universidade de Brasília (UnB) e Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival), da Secretaria de Saúde, têm estudado ações de combate ao animal e de conscientização da população. “Estamos construindo um protocolo único sobre a questão da coleta e da destinação. Precisamos instruir a população de forma correta”, explica Silvestre.
A chefe de vigilância do Núcleo de Vigilância Ambiental de Ceilândia, Queila Cristina Barbosa Mendes, diz que o órgão vai se reunir com a administração regional para debater uma ação específica e orientar a população sobre os riscos e em relação ao extermínio. A intenção é iniciá-la ainda este ano. “Realmente, os caracóis africanos estão se proliferando muito rápido e sendo encontrados de maneira bem fácil. Queremos fazer uma ação para ensinar a população e evitar que eles continuem se proliferando da maneira que estão”, afirma.
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Há uma série de desafios envolvendo os caracóis, desde as características do animal até a forma de extermínio. “Nosso maior desafio foi descobrir como iríamos aniquilá-los, já que o veneno é agressivo ao meio ambiente. Também há o fato de que eles já fazem parte do bioma”, avalia Queila.
Os órgãos sugerem que a população faça o combate dos caracóis para evitar riscos e proliferação. Os animais e seus ovos devem ser recolhidos com as mãos protegidas e exterminados com água sanitária em um recipiente velho. As conchas precisam ser quebradas e depois enterradas na terra, com cal.
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