Edição Brasília

Pichadora da Estátua da Justiça pede perdão e reconhece erro durante julgamento no STF

Débora Rodrigues, presa desde 2023, admitiu ter cometido um ato ilegal e declarou arrependimento em depoimento revelado pelo ministro Alexandre de Moraes
Débora Rodrigues
Foto: Reprodução / Redes Sociais

Arrependimento no Supremo Tribunal Federal

A cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, presa por ter pichado a estátua “A Justiça”, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, declarou arrependimento em seu depoimento. Ela afirmou não ter compreendido o valor financeiro e simbólico do monumento. A fala foi revelada após o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, derrubar o sigilo da audiência, realizada em novembro de 2024.

Durante o interrogatório, Débora classificou sua atitude como “ilegal” e reconheceu que o gesto feriu o Estado Democrático de Direito. A ré está presa desde março de 2023, acusada de integrar um movimento com o objetivo de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Não foi premeditado”, afirma a acusada

Débora relatou que não conhecia a pessoa que iniciou a pichação. Segundo ela, o indivíduo pediu ajuda para completar a frase “Perdeu, mané”, citando que “tinha a letra feia”. A acusada então completou a frase, escrita na base da estátua esculpida por Alfredo Ceschiatti.

Ela negou participação na depredação dos prédios públicos e alegou ter sido influenciada pelo clima de tensão. “Estava apenas tirando fotos, achei os prédios muito bonitos. Apareceu esse indivíduo, que nunca vi na vida, falando comigo e eu caí”, contou.

Débora também declarou que o “calor do momento” comprometeu sua capacidade de julgamento. Ela afirmou estar arrependida e pediu perdão ao Estado Democrático de Direito.

Julgamento em andamento no STF

A Primeira Turma do STF iniciou na semana passada o julgamento do caso. O relator, ministro Alexandre de Moraes, votou pela condenação da ré a 14 anos de prisão. O ministro Flávio Dino acompanhou o voto.

Entretanto, o julgamento foi suspenso após o ministro Luiz Fux pedir vista, ou seja, mais tempo para analisar os autos. Fux sinalizou que pretende revisar a dosimetria da pena antes de firmar seu voto.

“Eu tenho de fazer uma revisão dessa dosimetria, porque, se a dosimetria é inaugurada pelo legislador, a fixação da pena é do magistrado”, justificou Fux durante a sessão.

Acusações pesam contra a ré

Débora responde a uma série de acusações graves, entre elas:

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Tentativa de golpe de Estado
  • Dano qualificado
  • Deterioração de patrimônio tombado
  • Associação criminosa armada

Mesmo diante das acusações, sua postura no depoimento foi de humildade e reconhecimento dos erros. O julgamento deve prosseguir nas próximas semanas, após análise do ministro Fux.