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PGR pede ao STF condenação de 9 réus do núcleo 3 da trama golpista

PGR Paulo Gonet pediu ao STF, nesta segunda (15), a condenação de nove réus do núcleo 3 da trama golpista, acusados de planejar ações táticas para o golpe.
PGR condenação núcleo 3
Foto: Antonio Augusto/STF

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou formalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (15) a condenação de nove indivíduos que, segundo as investigações, compõem o terceiro núcleo da complexa trama golpista. Este grupo, especificamente, é acusado de planejar e executar “ações táticas” destinadas a subverter a ordem democrática durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, configurando uma tentativa de golpe de Estado.

Acusações Detalhadas Contra o Núcleo 3

As alegações finais, submetidas ao STF por Gonet e representando a fase derradeira antes do julgamento, reiteram a gravidade das acusações. O núcleo em questão é composto por oito militares do Exército e um policial federal. Tais indivíduos enfrentam uma série de delitos capitulados no Código Penal brasileiro, que incluem, por exemplo, organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Além disso, são imputados os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado, evidenciando a amplitude das ações supostamente planejadas e executadas.

Nesse contexto de acusações robustas, o procurador-geral fez uma defesa específica em relação a um dos réus, o tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior. Gonet propôs que a acusação contra Araújo Júnior seja reclassificada para o crime de incitação das Forças Armadas contra os poderes constitucionais. Consequentemente, esta medida poderia abrir caminho para que o acusado celebre um acordo, o que lhe permitiria evitar uma condenação. Atualmente, Araújo Júnior responde pelos mesmos cinco crimes imputados a todos os demais membros do núcleo, mas a sugestão de desclassificação representa uma mudança significativa em sua situação processual.

Os investigados que, conforme as apurações, integram este núcleo são: o coronel Bernardo Romão Correa Netto; o general Estevam Theophilo; o coronel Fabrício Moreira de Bastos; o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima; o coronel Márcio Nunes de Resende Júnior; o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira; o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo; o tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros; e, por fim, o policial federal Wladimir Matos Soares. A inclusão de militares de alta patente e de um membro da Polícia Federal ressalta a complexidade e a extensão da suposta rede envolvida na conspiração.

Próximas Etapas no Processo Judicial

Após a entrega das alegações finais pela Procuradoria-Geral da República, o processo avança para uma nova fase crucial. As defesas dos acusados terão, a partir de agora, um prazo de quinze dias para apresentarem suas próprias alegações finais ao Supremo Tribunal Federal. Esta etapa é fundamental, uma vez que permite aos advogados dos réus contrapor os argumentos da acusação e apresentar seus próprios pontos de vista e evidências.

Posteriormente, concluído o prazo para as defesas, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, deverá liberar o processo para julgamento. Essa liberação significa que o caso estará pronto para ser pautado e apreciado pelos ministros da Corte, que decidirão sobre a culpa ou inocência dos acusados e, em caso de condenação, sobre as respectivas penas. Assim sendo, a proximidade do julgamento para este núcleo específico representa um avanço significativo nas investigações sobre a tentativa de golpe.

Panorama dos Demais Núcleos da Trama

É fundamental contextualizar a situação do núcleo 3 dentro do cenário mais amplo da investigação sobre a trama golpista. Até o presente momento, apenas o núcleo 1, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus, já recebeu uma condenação. Este fato estabelece um precedente importante e demonstra a determinação da Justiça em apurar e punir os responsáveis pelos atos antidemocráticos. Além do núcleo 3, que agora aguarda julgamento, outros grupos estão na fila para serem analisados pela Justiça.

Adicionalmente, os núcleos 2 e 4 também terão seus processos julgados ainda neste ano, conforme o cronograma do Supremo. Isso indica uma aceleração nas decisões judiciais referentes aos envolvidos. Por outro lado, o núcleo 5 apresenta uma situação peculiar, sendo formado pelo empresário Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura João Figueiredo. Atualmente residindo nos Estados Unidos, Figueiredo não apresentou defesa no processo, o que levanta questões sobre os próximos passos em sua situação legal. Desse modo, a Justiça segue com a análise de diferentes vertentes da mesma investigação, buscando responsabilizar todos os envolvidos nos atos contra o Estado Democrático de Direito.

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