A Petrobras, com uma notável maioria feminina em sua diretoria executiva, foi a anfitriã de um significativo evento voltado ao empoderamento das mulheres, ocorrido na noite da última sexta-feira (8) no Rio de Janeiro. O encontro, intitulado “Energia Delas: Empoderamento Feminino nas Instituições”, reuniu personalidades como a primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, e diversas ministras de Estado, reforçando o debate sobre a equidade de gênero e o papel da mulher em posições de liderança no cenário público e privado.
Um Marco na Liderança Corporativa
Pela primeira vez em sua história, a Petrobras alcançou uma composição de diretoria executiva com predominância feminina. Atualmente, cinco das nove cadeiras da administração da companhia são ocupadas por mulheres, um avanço significativo que reflete o compromisso com a diversidade e a inclusão. Em nota oficial, a Petrobras destacou que essa nova configuração reforça sua posição de vanguarda no mercado brasileiro e seu engajamento com a equidade de gênero. Além disso, essa mudança posiciona a estatal ao lado de poucas empresas de grande porte no país com liderança feminina proeminente.
Nesse sentido, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, sublinhou durante o evento a raridade de mulheres em posições de CEO entre as empresas listadas na B3. Ela apontou que, atualmente, apenas três companhias – Petrobras, Banco do Brasil e Laboratório Fleury – possuem uma CEO mulher, evidenciando o caminho ainda a ser percorrido. Chambriard também fez um paralelo histórico, lembrando que em 1962, as mulheres necessitavam de permissão paterna ou conjugal para trabalhar, uma realidade distante dos avanços atuais. A executiva, ademais, ressaltou o progresso da estatal também em questões raciais, citando Márcia Cristina, a primeira mulher negra a comandar uma unidade de refino da empresa, como um exemplo inspirador.
O Compromisso com a Diversidade e a Transição Energética
Magda Chambriard abordou não apenas as transições de gênero e raça dentro da Petrobras, mas também a crucial transição energética. A presidente da companhia enfatizou a importância de uma “transição energética justa”, que, em sua visão, é intrinsecamente ligada à transição para as pessoas. “Não queremos deixar ninguém para trás”, afirmou, ressaltando o foco humano por trás das grandes transformações que a empresa está empreendendo. Portanto, o compromisso da Petrobras abrange a modernização de suas operações e, simultaneamente, a promoção de um ambiente mais inclusivo e equitativo em todos os níveis.
A Defesa da Participação Feminina na Política
Durante sua participação, a primeira-dama Janja Lula da Silva defendeu veementemente a ampliação da representação feminina no Congresso Nacional. Ela ressaltou a imperativa necessidade de mais mulheres no Legislativo para garantir a criação de leis que atendam às demandas e necessidades femininas. “Não desistam porque a gente precisa de mais mulheres no Parlamento, para que as leis votadas nos garantam o que precisamos”, conclamou Janja. Além disso, com uma visão otimista e empoderadora, ela proferiu que “Não existe futuro sem nós. Não existe um futuro sem a nossa participação, sem o nosso olhar e para mim, o futuro é feminino”, reforçando a ideia de que a presença feminina é indispensável para o progresso social e econômico.
Superando Barreiras no Cenário Corporativo
Janja Lula da Silva compartilhou suas experiências pessoais, classificando o mundo corporativo como predominantemente masculino, particularmente no setor elétrico, onde atuou. Ela relatou ter enfrentado preconceitos de gênero e violência moral por parte de superiores em seu dia a dia de trabalho. No entanto, a primeira-dama destacou a resiliência das mulheres e a subsequente transformação de empresas como a Petrobras, que hoje se mostram mais inclusivas e solidárias. “A gente resistiu e hoje temos empresas completamente transformadas como a Petrobras é, com mais mulheres e mais solidariedade”, pontuou, ilustrando a superação de desafios e a construção de um ambiente de trabalho mais equitativo.
A Essência Feminina na Gestão e Liderança
Concluindo sua fala, Janja reiterou sua convicção de que “Não existe mundo fraterno e justo sem a presença das mulheres”. Para ela, a contribuição feminina é fundamental por trazer um olhar diferenciado, permeado por cuidado, amor e carinho, mas também por uma competência inegável na administração e gestão. Essa perspectiva holística, que combina sensibilidade e eficiência, é, segundo a primeira-dama, essencial para a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. Desse modo, o evento não apenas celebrou as conquistas, mas também impulsionou o diálogo sobre o futuro da liderança feminina.
Emocionante Homenagem a Arlindo Cruz
Em um momento de emoção, a primeira-dama aproveitou sua fala para prestar uma homenagem póstuma ao cantor e compositor Arlindo Cruz, que havia falecido no mesmo dia do evento, 8 de junho de 2025, no Rio de Janeiro. Janja declamou alguns versos da canção “O Bem”, coautoria do sambista com Délcio Luiz em 2011, emocionando a plateia. Ao finalizar a declamação, ela expressou a perda com as palavras: “Arlindo Cruz você vai fazer falta”, marcando um momento de sensibilidade e reverência à cultura brasileira em meio ao debate sobre o empoderamento feminino.