A Petrobras anunciou um significativo aporte de R$ 100 milhões no setor audiovisual brasileiro até o ano de 2027. O comunicado foi feito durante uma cerimônia especial na Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, um evento que celebrou os 30 anos da retomada do cinema nacional, marcando o compromisso contínuo da estatal com a cultura do país.
Investimento Estratégico para o Audiovisual
Os recursos prometidos pela Petrobras visam fortalecer diversas frentes da produção cinematográfica e televisiva no Brasil. Além disso, o financiamento abrangerá a produção e distribuição de filmes e séries, a manutenção de salas de exibição em todo o território nacional, e o patrocínio de importantes festivais como Gramado, Tiradentes, Bonito Cine Sur e a Mostra de Cinema de Gostoso. Conforme destacou Milton Bittencourt, gerente de patrocínios culturais da Petrobras, a finalidade é clara: “Nosso compromisso fundamental é impulsionar o cinema brasileiro, assegurando que ele continue a narrar as histórias do país, dialogando com a realidade atual e construindo visões para o porvir.”
Três Décadas da Retomada do Cinema Brasileiro
Há três décadas, o Brasil vivenciava um período crucial, conhecido como a “retomada do cinema brasileiro”. Este movimento foi simbolizado pelo lançamento do filme Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, dirigido e estrelado por Carla Camurati. O longa-metragem não apenas marcou um novo capítulo para a indústria, mas também restabeleceu a conexão do público com as salas de exibição, após um período de estagnação causado pelo fechamento da Embrafilme no início da década de 90 e pela ausência de políticas públicas para o setor. Portanto, a celebração recente na Cinemateca do MAM não apenas marcou o investimento futuro, mas também relembrou essa história de resiliência e sucesso.
A Trajetória de Apoio da Petrobras ao Cinema Nacional
Nesse contexto de celebração e reconhecimento, a Petrobras promoveu a mesa de debates “Petrobras e Cinema Brasileiro: 30 anos de história”. O encontro contou com a participação de figuras ilustres como o ator Rodrigo Santoro, o produtor Flávio R. Tambellini, a distribuidora Silvia Cruz e o gerente de patrocínios culturais da estatal, Milton Bittencourt, todos sob a mediação da apresentadora e cineasta Marina Person. Ao longo das últimas três décadas, a Petrobras tem sido um pilar essencial, patrocinando mais de 600 produções brasileiras, que incluem longas, curtas e documentários. Entre os títulos de destaque que marcaram época e conquistaram tanto o público quanto a crítica, estão filmes aclamados como Cidade de Deus, Tieta do Agreste, O Quatrilho, Carandiru, Bacurau e, mais recentemente, O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, que recebeu prêmios em Cannes e foi escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar.
O Impacto Duradouro do Fomento Cultural
O evento na Cinemateca do MAM reforçou não apenas os 30 anos de parceria da Petrobras com o cinema brasileiro, mas também a relevância do patrocínio cultural como um instrumento vital para a construção da identidade nacional, a preservação da memória e a promoção da diversidade. A cineasta Marina Person, por exemplo, enfatizou a importância desse apoio contínuo: “Seria inviável conceber 30 anos de história e a viabilização de 600 filmes sem um aporte consistente como o oferecido pela Petrobras. É um investimento que não apenas robustece a produção, mas igualmente enriquece a identidade cultural do nosso país.”
Reflexões e Testemunhos de Lideranças
Rodrigo Santoro, convidado de honra, compartilhou memórias pessoais que entrelaçam sua própria trajetória com a da companhia. Ele revelou que seu pai, um imigrante italiano, dedicou décadas de trabalho à Petrobras. “A rotina de dedicação do meu pai à Petrobras foi um exemplo que me influenciou profundamente. Esse senso de responsabilidade e disciplina, por conseguinte, me acompanha até os dias de hoje”, afirmou o ator. Ademais, Santoro rememorou seu primeiro papel em um longa-metragem, no filme Bicho de Sete Cabeças (2001), dirigido por Laís Bodanzky, trabalho que lhe rendeu reconhecimento e prêmios. Ao abordar as críticas frequentemente dirigidas às leis de incentivo e ao patrocínio privado e estatal, Santoro foi incisivo: “Existe um grande preconceito em relação à Lei Rouanet e ao patrocínio cultural. Criou-se um estigma, mas é imprescindível compreender a magnitude desse fomento. Sem tal apoio, muitos dos filmes que hoje celebramos jamais teriam existido.”
A distribuidora Silvia Cruz, da Vitrine Filmes, por sua vez, destacou o sucesso do projeto Sessão Vitrine Petrobras, uma iniciativa que leva filmes nacionais a mais de 20 cidades brasileiras, com ingressos a preços reduzidos. “É uma ação que verdadeiramente democratiza o acesso. Graças a este suporte, conseguimos distribuir tanto lançamentos quanto obras restauradas, alcançando públicos que, de outra forma, não teriam contato com esses filmes”, explicou Cruz. Finalmente, o produtor Flávio Tambellini ressaltou a complexidade e a importância da realização de Malês, um projeto dirigido e protagonizado por Antonio Pitanga, que levou mais de duas décadas para se concretizar. “Foi um processo longo e repleto de desafios. O apoio da Petrobras, portanto, mostrou-se essencial para tornar realidade essa obra que resgata a história da resistência negra no Brasil. É um filme histórico e fundamental, que só pôde existir com esse valioso suporte”, concluiu Tambellini.