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Pesquisadores brasileiros desenvolvem curativo sustentável e eficaz para feridas e queimaduras

Iniciativa das universidades UFMG e UFLA cria tecnologia nacional com baixo custo e alto desempenho, feita a partir de resíduos pesqueiros e vidro bioativo.
curativo brasileiro
Foto: Freepik

Ciência brasileira inova e propõe solução acessível

Pesquisadores da UFMG e da UFLA desenvolveram um novo curativo capaz de acelerar o tratamento de feridas e queimaduras. A inovação, chamada CH50BGF, foi publicada na revista Materials Research nesta sexta-feira (2/5).

O produto se destaca por unir eficiência clínica, sustentabilidade e potencial de produção nacional. Além disso, sua fórmula reduz custos, amplia o acesso e oferece desempenho superior aos curativos convencionais usados atualmente no Sistema Único de Saúde (SUS).

Alto poder de absorção e versatilidade

Nos testes laboratoriais, o CH50BGF absorveu até 160% de líquidos em 24 horas. Isso representa um desempenho muito superior à gaze comum, que absorve cerca de 30%.

Dessa forma, o curativo oferece uma solução mais eficaz para diferentes tipos de feridas, inclusive queimaduras graves, úlceras por pressão e lesões crônicas. Portanto, ele pode ajudar a reduzir o tempo de internação e melhorar o conforto dos pacientes.

Ação antimicrobiana e cicatrização acelerada

A inovação combina quitosana, extraída de resíduos da pesca, com vidro bioativo, um material cerâmico usado em medicina regenerativa.

A quitosana atua como antimicrobiano natural, mantendo a umidade ideal. Enquanto isso, o vidro bioativo libera íons que estimulam a formação de vasos sanguíneos e colágeno, essenciais para o fechamento da ferida.

Com isso, o curativo acelera a regeneração tecidual e inibe o crescimento de bactérias, sem depender de antibióticos adicionais.

Produção local fortalece o sistema público

Além do desempenho clínico, o CH50BGF pode ser produzido com insumos brasileiros. Isso diminui a dependência de importações, que encarecem o SUS e geram riscos logísticos.

Segundo os pesquisadores, a cadeia produtiva já começa a se estruturar em Minas Gerais, com extração sustentável da quitosana e foco na padronização do material. Ou seja, o projeto une saúde, meio ambiente e economia local.

Próximos passos e impacto no SUS

Embora os resultados laboratoriais sejam promissores, ainda são necessários testes clínicos para validar o uso em seres humanos. Por isso, a equipe busca parcerias com instituições de saúde para essa nova fase.

A expectativa é que o CH50BGF, após aprovação, integre a rede pública de saúde como alternativa nacional aos curativos importados.

Assim, o Brasil poderá contar com uma solução eficaz, segura, acessível e alinhada às necessidades do SUS.