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Pernambuco investiga intoxicação por metanol; 2 morrem e 1 perde a visão

Pernambuco investiga três casos de intoxicação por metanol notificados na terça, com dois mortos e um homem cego em Caruaru.
intoxicação metanol Pernambuco
Foto: Biodiesel Brasil

A Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) iniciou uma investigação detalhada sobre três possíveis casos de intoxicação por metanol notificados na última terça-feira, 30 de janeiro. O incidente, que envolveu três homens atendidos no Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, resultou em duas mortes e na cegueira de um dos pacientes. As vítimas eram residentes dos municípios de Lajedo e João Alfredo, ambos em Pernambuco.

Ações Imediatas e Investigação Sanitária

Assim que recebeu a notificação preocupante, a Apevisa prontamente articulou uma série de ações de fiscalização. O foco inicial está em distribuidoras de bebidas alcoólicas, visando coibir a venda de produtos adulterados. Além disso, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) prepara orientações cruciais, tanto para a população quanto para as vigilâncias sanitárias municipais. O principal objetivo dessas medidas, conforme comunicado pela Apevisa, é intensificar as vistorias, prevenindo, assim, fraudes em estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas.

Nesse sentido, a agência explicou o protocolo de investigação: os hospitais relatam o quadro clínico dos pacientes, notificam a ocorrência e registram as informações coletadas. Posteriormente, as vigilâncias sanitárias estaduais assumem a investigação. Em casos de óbitos com suspeita de intoxicação, o corpo é encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) para exames que determinem a causa exata.

Orientações Cruciais para o Setor de Saúde

A Apevisa estabeleceu recomendações claras para os serviços de saúde. Em primeiro lugar, é fundamental que todos os casos suspeitos sejam notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e ao Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (Cievs/PE). Além disso, a agência sugere a busca ativa de indivíduos que possam ter consumido bebidas da mesma origem, a fim de identificar outras possíveis vítimas. Em seguida, a capacitação das equipes de saúde é vital para um manejo clínico adequado, que inclui o uso de antídotos específicos e a realização de hemodiálise em situações mais graves.

Por outro lado, a vigilância sanitária tem a incumbência de intensificar a fiscalização em locais que vendem bebidas alcoólicas. Para isso, devem coletar amostras suspeitas para análise laboratorial e, se necessário, interditar preventivamente lotes de produtos. Consequentemente, a articulação de ações conjuntas com órgãos como Procon, Ministério Público e forças de segurança é essencial para garantir uma resposta abrangente e eficaz.

Alerta à População e Riscos da Adulteração

Para a segurança dos consumidores, a Apevisa reforça a importância de observar sinais que possam indicar adulteração em bebidas alcoólicas. É crucial verificar se a bebida possui registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), um rótulo completo e um lacre adequado. Portanto, a recomendação é adquirir produtos apenas em locais de confiança. Ademais, é essencial redobrar a atenção com drinques prontos e evitar produtos sem procedência conhecida ou com preços excessivamente baixos em comparação ao mercado, pois isso pode ser um indicativo de fraude.

Os sintomas iniciais da intoxicação por metanol podem, frequentemente, ser confundidos com os da ingestão de álcool comum. No princípio, surgem náuseas, vômitos, dor abdominal e sonolência. Entretanto, após um período de seis a 24 horas do consumo, podem manifestar-se sinais mais severos, como visão turva, fotofobia, perda total da visão, convulsões e, em casos extremos, coma.

Intoxicação por Metanol: Uma Emergência Médica Grave

A intoxicação por metanol representa uma emergência médica de gravidade máxima. Quando ingerida, essa substância é metabolizada no organismo, transformando-se em produtos altamente tóxicos, como formaldeído e ácido fórmico, que podem levar o paciente à morte. Os principais sintomas dessa intoxicação incluem visão turva ou perda de visão, que pode evoluir para cegueira, e um mal-estar generalizado, caracterizado por náuseas, vômitos, dores abdominais e sudorese intensa.

Em caso de identificação desses sintomas, buscar imediatamente os serviços de emergência médica é a ação mais importante. Além disso, é aconselhável contatar uma das instituições especializadas para orientação: o Disque-Intoxicação da Anvisa (0800 722 6001), o CIATox da sua cidade para orientação especializada (https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/ciatox) ou o Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI) pelos números (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 (disponível de qualquer lugar do país).

É de suma importância identificar e orientar possíveis contatos que possam ter consumido a mesma bebida. Recomenda-se que essas pessoas procurem um serviço de saúde imediatamente para avaliação e tratamento adequados. A demora no atendimento e na identificação da intoxicação, por conseguinte, aumenta significativamente a probabilidade de um desfecho mais grave, culminando no óbito do paciente.