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Parada LGBT+ de SP: Envelhecimento em foco na maior festa da diversidade

Parada LGBT+ de SP celebra diversidade e destaca o envelhecimento da comunidade LGBTQIA+ A 29ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, com cerca de 4 milhões de participantes, abordou pela primeira vez o envelhecimento da população LGBTQIA+, promovendo reflexão e celebração em meio à festa na Avenida Paulista. Ativistas e participantes de diversas idades e países compartilharam suas experiências e lutas.
Envelhecimento LGBT+ na Parada SP
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A 29ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, realizada em 2025, marcou história ao destacar, pela primeira vez, a realidade do envelhecimento da comunidade LGBTQIA+. Com uma estimativa de quatro milhões de participantes, a Avenida Paulista pulsava com a energia de 17 trios elétricos que desfilaram desde as 13h, rumo ao centro da cidade, em uma demonstração vibrante de diversidade e luta por direitos.

Um marco na luta pela inclusão: a questão do envelhecimento na Parada LGBT+

Considerada a maior parada pela diversidade do mundo, o evento de 2025 trouxe à tona um tema de extrema relevância para a comunidade: o envelhecimento. Essa inclusão foi celebrada por diversos ativistas, como Norivaldo Júnior, integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Acompanhado de seu marido, o publicitário Rodrigo Souza, Norivaldo comemorou a oportunidade de discutir um tema tão importante. “Quando a diretoria da parada anunciou que o tema seria o envelhecimento, foi uma grande alegria para nós, do conselho”, afirmou Norivaldo, ressaltando a importância da discussão, considerando as perdas e dificuldades enfrentadas pela comunidade LGBT na década de 1980.

Entretanto, ele também apontou um desafio contemporâneo: “Infelizmente, temos uma geração que é muito ligada às questões do corpo e que nos devolve para o armário, pois não consegue nos ver, enquanto idosos, como pertencentes ao movimento. De certa forma, não aceitam que irão chegar aos meus 62 anos”. Norivaldo destacou, com pesar, a revivência de antigos traumas, como a exclusão familiar e profissional, que muitos idosos LGBT enfrentam novamente na velhice. Portanto, para ele, a abordagem do envelhecimento na parada teve uma importância crucial, representando um passo significativo na luta contra a invisibilidade e a discriminação.

Diversidade de idades e experiências: histórias de luta e amor

A diferença de idade entre Norivaldo (62 anos) e Rodrigo (35 anos), que estão juntos há 14 anos, exemplifica a diversidade de relacionamentos presentes na comunidade. Rodrigo, emocionado, resumiu sua experiência: “Nós temos uma diferença de idade de 27 anos, e eu acho que não importa a diferença de idade, mas, se você tem um amor, se você tem um carinho, tem que pensar que amor é construção. Ele leva tempo, paciência e muito companheirismo”.

Além disso, a parada reuniu um mosaico de gerações, com famílias, amigos e casais de todas as idades compartilhando o espaço de comemoração e conscientização. Um exemplo marcante foi o Bloco Crianças e Adolescentes Trans Existem, que desfila há quatro anos no evento e representa a luta por direitos infantojuvenis. Thamirys Nunes, presidente da ONG Minha Criança Trans e mãe de uma criança trans de 10 anos, enfatizou a importância da visibilidade e do reconhecimento das famílias trans: “A gente vem numa busca de trazer visibilidade, de mostrar que as crianças e adolescentes trans existem, que precisamos de direitos, que as nossas famílias são famílias como qualquer outra família”. Thamirys reiterou a luta contra a negação da existência das crianças e adolescentes trans e pela garantia de políticas públicas para o seu bem-estar e futuro.

Luta contínua: vozes de resistência e esperança

Mey Ling, participante desde 1996 e presente na parada desde 2001, com 45 anos, reforça a importância da resistência e visibilidade: “Tem protesto, tem mobilização, e é sempre festa. E montada a gente tem mais visibilidade, chama mais atenção”. Sua experiência demonstra a longevidade do ativismo e a contínua luta pela igualdade. Por outro lado, German Rocha, argentino de terceira idade, participou pela primeira vez, vindo com o marido e um amigo para apoiar a luta pelos direitos da comunidade LGBT. Ele destacou a solidariedade entre países latino-americanos: “Viemos para participar da festa, para demonstrar que tanto na Argentina como no Brasil, em muitos lugares, temos a mesma ideologia, de sustentar nossos direitos e conquistas”. Apesar de reconhecer os avanços na Argentina, German lamentou o retrocesso político atual, enfatizando que a luta continua.

Segurança e infraestrutura reforçadas para o grande evento

Em conclusão, a 29ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo foi um evento grandioso, marcado pela inclusão do tema do envelhecimento e pela demonstração de força e união da comunidade LGBTQIA+. O governo estadual se preparou para o evento, mobilizando 1.500 agentes de segurança, reforçando as equipes de saúde e o transporte público. A recomendação às autoridades foi de cautela com pertences pessoais e o bloqueio de celulares em caso de furto. A festa, portanto, foi marcada tanto pela alegria e celebração quanto pela conscientização e luta por direitos que se estende por diferentes gerações e países.