O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido artisticamente como Oruam, teve sua prisão provisória mantida nesta segunda-feira (4) após uma nova audiência de custódia. Em decorrência dessa decisão judicial, o músico será transferido para uma cela coletiva na unidade prisional Bangu 3, no Rio de Janeiro, especificamente em uma galeria destinada a indivíduos associados à facção criminosa Comando Vermelho.
Manutenção da Prisão e Destino em Bangu 3
A determinação de manter Oruam sob custódia foi proferida pela juíza da Central de Custódia, Laura Noal Garcia, durante a audiência realizada hoje. A magistrada fundamentou sua decisão ao declarar que o mandado de prisão permanece válido e que a medida que levou à sua expedição não foi objeto de revogação por recurso. Portanto, a regularidade tanto do ato prisional quanto do próprio mandado foi confirmada, sem que houvesse, segundo a juíza, quaisquer requerimentos de mérito a serem providos neste estágio do processo.
Posteriormente à audiência, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) forneceu informações adicionais sobre o local para onde Oruam será encaminhado. Conforme comunicado pela secretaria, a galeria específica dentro do Presídio Bangu 3 que abrigará o rapper é historicamente destinada a detentos com vínculos com o Comando Vermelho. Essa alocação sublinha a natureza das acusações e o perfil de segurança considerado pelas autoridades penitenciárias.
Os Fatos que Levaram à Custódia
Oruam encontra-se sob prisão preventiva desde 22 de julho, data em que optou por se apresentar espontaneamente à Polícia Civil. Contudo, os eventos que precipitaram sua custódia ocorreram no dia anterior, quando policiais civis se dirigiram à residência do rapper, situada no bairro do Joá, na zona oeste carioca. O objetivo da operação era cumprir um mandado de prisão direcionado a um adolescente que, de acordo com as informações, estaria presente na casa de Oruam naquele momento.
Durante a ação policial, o cenário escalou rapidamente. Oruam e um grupo de amigos iniciaram o arremesso de pedras contra os agentes da lei. Diante da confusão e da resistência, o suspeito adolescente, alvo do mandado, conseguiu evadir-se do local, frustrando a tentativa de prisão. Esse confronto direto com as forças policiais é um dos pilares das acusações que o rapper agora enfrenta.
O Rapper se Torna Réu por Tentativa de Homicídio Qualificada
Em um desdobramento significativo, em 30 de julho, a Justiça do Rio de Janeiro aceitou formalmente a denúncia apresentada pelo Ministério Público fluminense. Consequentemente, Oruam foi oficialmente constituído réu pela acusação de tentativa de homicídio qualificada. A decisão, emitida pela juíza Tula Correa de Mello, da 3ª Vara Criminal, não se limitou a Oruam; incluiu também Willyam Matheus Vianna Rodrigues Vieira, que é apontado como amigo do rapper e co-participante nos atos.
De acordo com o teor da denúncia ministerial, a tentativa de homicídio ocorreu por meio do arremesso de pedras de um local elevado, a aproximadamente 4,5 metros de altura. As pedras, conforme detalhado na acusação, possuíam pesos variando entre 130 gramas e impressionantes 4,85 quilos, evidenciando o potencial lesivo do ataque. Além da grave acusação de tentativa de homicídio, Oruam enfrenta uma série de outros crimes. Ele foi indiciado por associação ao tráfico de drogas, tráfico de drogas, resistência, desacato, dano, ameaça e lesão corporal.
Adicionalmente, um dos aspectos que chamou a atenção na acusação inicial foi a interpretação de que a fala do rapper, ao se declarar filho de Marcinho VP – um dos principais e mais conhecidos líderes da facção criminosa Comando Vermelho –, configurava uma tentativa de ameaça às autoridades. Este elemento adiciona uma camada de complexidade às acusações, conectando as ações do rapper a um contexto maior de criminalidade organizada.