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Obesidade sarcopênica eleva risco de morte em 80%, aponta estudo

Estudo da UFSCar e University College London aponta que a obesidade sarcopênica, combinação de gordura e perda muscular, eleva em 80% o risco de morte.
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Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A combinação de acúmulo de gordura abdominal com a diminuição da massa muscular, condição conhecida como obesidade sarcopênica, eleva em mais de 80% o risco de morte em comparação com indivíduos que não apresentam esses dois fatores. Esta alarmante conclusão emerge de um estudo conjunto, resultado da colaboração entre pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), localizada no interior paulista, e da prestigiada University College London, no Reino Unido. Este achado sublinha a severidade de uma condição que transcende o simples sobrepeso, indicando um impacto significativo na longevidade.

Definindo Obesidade Abdominal e Perda Muscular

Para os propósitos da pesquisa, os cientistas estabeleceram critérios claros para a caracterização da obesidade abdominal. Nesse sentido, considera-se obesidade abdominal uma circunferência do abdômen superior a 102 centímetros para homens e 88 centímetros para mulheres. Além disso, a avaliação da condição muscular é realizada por meio de um índice de massa muscular esquelética, fornecendo uma métrica precisa para identificar a perda de tecido magro que, quando combinada com o excesso de gordura, forma a obesidade sarcopênica.

Adicionalmente, a professora Valdete Regina Guandalini, membro do Departamento de Gerontologia da UFSCar e uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, enfatiza que a obesidade sarcopênica está intimamente ligada ao envelhecimento. Portanto, essa condição impacta diretamente a terceira idade, contribuindo para a perda de autonomia do idoso e, consequentemente, para uma notável deterioração na qualidade de vida dessa faixa etária. Em suma, o problema não se restringe apenas ao risco de mortalidade, mas também à capacidade funcional e bem-estar.

Fatores que Influenciam a Saúde Muscular e a Sarcopenia

Embora seja natural observar uma diminuição da massa muscular a partir dos 40 anos de idade, Valdete Guandalini ressalta que diversos elementos podem acelerar ou, por outro lado, retardar esse processo de declínio. Entre os fatores cruciais para a manutenção da saúde muscular, a pesquisadora aponta a prática regular de atividade física, que é vital para a preservação da força e volume muscular. Em seguida, a qualidade da alimentação se mostra um pilar fundamental, visto que nutrientes adequados sustentam a musculatura.

Por conseguinte, hábitos de vida prejudiciais, como o consumo de bebidas alcoólicas e o uso de cigarros, podem acentuar a perda de massa muscular, ao passo que uma rotina de sono reparador contribui significativamente para a recuperação e manutenção dos tecidos. Assim, a pesquisadora sintetiza que “a prática de atividade física, o consumo alimentar, a ausência de ingestão de bebida alcoólica, a não utilização de cigarro e um sono adequado influenciam diretamente nesse declínio, tornando-o mais rápido ou, pelo contrário, mais lento”. Portanto, as escolhas diárias desempenham um papel decisivo na progressão ou mitigação da sarcopenia.

Hábitos Saudáveis e Diferenciais no Risco de Morte

A pesquisadora salienta, ainda, que a adoção de hábitos saudáveis constitui uma estratégia eficaz para reduzir a incidência da obesidade sarcopênica. Além disso, o estudo revelou dados importantes sobre o risco de morte em cenários específicos da composição corporal. Por exemplo, foi identificada uma redução de 40% no risco de morte entre aqueles que apresentam baixa massa muscular, mas que não manifestam obesidade abdominal. Em contrapartida, um padrão similar de menor risco é observado em indivíduos que, apesar de terem obesidade abdominal, mantêm uma massa muscular considerada adequada.

Esses achados adicionais reforçam a ideia de que a combinação da gordura abdominal excessiva com a perda de massa muscular é o fator mais crítico para o aumento do risco de mortalidade. Em conclusão, a pesquisa da UFSCar e da University College London não apenas destaca a gravidade da obesidade sarcopênica, mas também enfatiza a importância de um estilo de vida equilibrado, que contemple tanto a manutenção de uma composição corporal saudável quanto a preservação da massa muscular, para promover a longevidade e a qualidade de vida.