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Nunes Marques derruba afastamento; governador do Tocantins retorna

O ministro Nunes Marques, do STF, derrubou nesta sexta-feira (5) a decisão que afastou o governador do Tocantins, Wanderley Barbosa, permitindo seu retorno imediato ao cargo.
Governador Tocantins retorna
Foto: Antonio Gonçalves/Governo do To

O governador do Tocantins, Wanderley Barbosa, teve seu retorno ao cargo confirmado após uma decisão proferida pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira, 5 de setembro de 2025. A determinação do ministro derrubou o afastamento prévio do chefe do executivo estadual, concedendo-lhe a possibilidade de reassumir suas funções imediatamente, marcando um importante desdobramento na política tocantinense.

A Decisão do STF e o Retorno do Governador

A saber, o ministro Nunes Marques acatou o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Wanderley Barbosa. Sua decisão, anunciada na última sexta-feira, efetivamente reverteu o afastamento cautelar imposto ao governador, permitindo que ele reassuma plenamente suas responsabilidades à frente do governo do Tocantins. Este veredito, portanto, representa uma reviravolta significativa para o cenário político do estado, que se viu sem seu líder eleito por um período.

Dessa forma, a medida judicial do STF abre caminho para a retomada da normalidade administrativa. Por outro lado, a decisão também implica a necessidade de ajustes na gestão, uma vez que o estado estava sob a administração de um governador interino durante o período de afastamento de Barbosa. Consequentemente, espera-se que o retorno traga consigo novas diretrizes e reorganizações governamentais.

O Contexto do Afastamento Cautelar

Em primeiro lugar, é fundamental recordar que Wanderley Barbosa foi afastado do governo em setembro de 2025, por meio de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Esse afastamento, ocorrido no mesmo mês da atual reversão, inseriu-se no contexto da segunda fase da Operação Fames-19. Além disso, essa operação investiga supostos desvios de verbas públicas que foram destinadas ao combate à pandemia de COVID-19 no Tocantins, especificamente entre os anos de 2020 e 2021.

Posteriormente ao afastamento de Barbosa, Laurez Moreira assumiu interinamente o comando do estado, conforme noticiado à época. A Operação Fames-19, por conseguinte, aponta para irregularidades na gestão de recursos em um período crítico para a saúde pública, o que levou à medida cautelar contra o então governador. Ainda assim, a defesa de Barbosa sempre manteve a posição de que não havia justificativa para a manutenção de seu afastamento.

Argumentos do Ministro Nunes Marques

A principal justificativa para a decisão do ministro Nunes Marques reside na avaliação de que o afastamento cautelar representava uma “intervenção excessiva” na administração estadual. Para o ministro, as autoridades investigativas não demonstraram a existência de um risco efetivo e atual que justificasse a manutenção da medida, seja à ordem pública, seja à própria persecução penal.

Em sua análise, Nunes Marques expressou: “Penso que a manutenção da medida constitui, no presente caso, intervenção excessiva na esfera política e administrativa do estado do Tocantins, sem que a autoridade policial tivesse demonstrado a ocorrência de risco efetivo e atual à ordem pública ou à persecução penal.” Portanto, a falta de evidências claras sobre a necessidade de manter o governador afastado foi o ponto crucial para a revisão da decisão anterior.

Adicionalmente, o ministro ressaltou a importância de preservar a estabilidade institucional e o mandato popular, a menos que haja provas robustas de que a permanência do gestor possa comprometer seriamente a investigação ou a ordem pública. Consequentemente, a decisão reflete uma ponderação entre a necessidade de investigação e a preservação da soberania popular expressa nas urnas.

Próximos Passos Legais

Apesar da liberação imediata para o retorno de Wanderley Barbosa, a situação ainda aguarda uma formalização mais ampla. Em seguida, o ministro Nunes Marques solicitou a marcação de uma data para o julgamento virtual de sua liminar pela Segunda Turma do STF. Esse procedimento é padrão para que a decisão monocrática de um ministro seja referendada ou, eventualmente, revista pelo colegiado.

Por fim, enquanto a decisão de Nunes Marques garante o retorno de Barbosa neste momento, o julgamento pela Turma definirá a validade da liminar em caráter definitivo. A expectativa é que, durante essa análise, os argumentos da defesa e da acusação sejam novamente pesados, estabelecendo o futuro legal do governador do Tocantins e o andamento das investigações da Operação Fames-19. Em suma, o cenário jurídico permanece em desenvolvimento.