Brasil adota regulamentação para celulares nas escolas
A partir de fevereiro de 2025, escolas públicas e privadas do Brasil deverão restringir o uso de celulares em salas de aula, recreios e intervalos. A medida, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem o objetivo de melhorar a atenção dos alunos, estimular a socialização e reduzir o impacto negativo do uso excessivo de dispositivos móveis.
O uso pedagógico, no entanto, continuará permitido, desde que autorizado pelos professores. A lei também prevê exceções para necessidades de saúde ou acessibilidade. Um decreto presidencial detalhando as normas será publicado em 30 dias.
Experiências mostram resultados positivos
No Rio de Janeiro, onde o uso de celulares já é proibido desde 2023, os benefícios começam a aparecer. Segundo o secretário de Educação, Renan Ferreirinha, os recreios voltaram a ser mais animados, com maior interação entre os alunos. “As crianças estavam isoladas nas telas, e agora vemos mais interação social e um ambiente escolar mais vivo”, afirmou.
As escolas têm autonomia para definir como a regra será aplicada. Em algumas, os celulares são guardados nas mochilas, enquanto em outras são recolhidos e devolvidos ao final das aulas. Essa flexibilidade, combinada com diálogo e conscientização, tem sido fundamental para o sucesso da medida.
Desafios e estratégias para implementação
Apesar dos avanços, implementar a lei em âmbito nacional não será tarefa simples. Segundo Diogo de Andrade, coordenador do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro, a falta de estrutura nas escolas pode dificultar o cumprimento da norma. “Turmas lotadas tornam difícil para os professores monitorarem o uso de celulares na sala de aula”, alertou.
Além disso, há preocupação com o manuseio dos aparelhos. Professores evitam recolher os celulares dos alunos por receio de danos e eventuais responsabilidades financeiras. Diogo reforça que a aplicação da lei exige envolvimento de toda a estrutura educacional, desde as secretarias até os gestores escolares.
No Ceará, que já conta com legislação similar desde 2008, a lei foi revitalizada após recomendações do Ministério Público em 2024. A secretária Jucineide Fernandes explicou que a conscientização da comunidade escolar será essencial. “Precisamos ir além da proibição e trabalhar a educação digital para criar uma cultura de uso responsável da tecnologia”, disse.
Tecnologia como aliada na educação
A nova lei não busca excluir a tecnologia das escolas, mas promover seu uso consciente. Renan Ferreirinha destacou que a tecnologia é essencial na educação, desde que utilizada de forma equilibrada. “Não podemos normalizar que alunos usem o celular para redes sociais ou jogos durante as aulas. A tecnologia deve ser uma aliada, não uma distração”, afirmou.
Além disso, as secretarias de educação têm trabalhado para incluir recursos tecnológicos no ensino. No Ceará, por exemplo, tablets e chips são distribuídos aos estudantes, reforçando a importância da tecnologia como ferramenta pedagógica.
Impactos da lei e próximos passos
A nova legislação coloca o Brasil ao lado de países como França, Itália e Holanda, que já adotaram medidas semelhantes para regular o uso de celulares em escolas. A expectativa é que a restrição melhore a concentração dos alunos e fortaleça a interação social no ambiente escolar.
O decreto presidencial, previsto para fevereiro, regulamentará os detalhes da lei, garantindo um início organizado no ano letivo de 2025. Com isso, as escolas terão um respaldo legal mais forte para implementar medidas e promover um ambiente educacional mais focado e saudável.