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Mutirões de catarata ganham novo guia: Segurança em primeiro lugar

Após incidentes no RN, CBO lança orientações para evitar complicações em cirurgias oftalmológicas no Brasil.
Mutirões de Catarata
Foto: Tony Winston/Agência Saúde-DF

Com o objetivo de reforçar a segurança nos mutirões de catarata, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) lançou um novo guia. Essa iniciativa ocorre em resposta a incidentes preocupantes, como os registrados em Parelhas, no Rio Grande do Norte, onde 15 pacientes foram contaminados durante um mutirão. O documento traz orientações para gestores públicos, profissionais de saúde e população, visando garantir a eficácia e a segurança nos procedimentos cirúrgicos.

Contexto dos Incidentes

No fim de setembro, um mutirão de cirurgias de catarata em Parelhas resultou em infecções graves em 15 pacientes, sendo que nove perderam o globo ocular devido à bactéria Enterobacter cloacae. A falha nos procedimentos de higienização e esterilização de equipamentos cirúrgicos foi identificada como a causa principal do problema. Para o CBO, episódios como esse podem ocorrer novamente se não forem seguidos os critérios de segurança adequados.

O Novo Guia de Orientação

O guia do CBO estabelece normas a serem seguidas durante a realização de mutirões oftalmológicos. Entre as recomendações, está a importância de realizar os mutirões em estabelecimentos com histórico positivo de prestação de serviços. Além disso, as vigilâncias sanitárias locais devem monitorar as atividades para assegurar que todas as exigências técnicas e operacionais sejam cumpridas.

“É imprescindível que os procedimentos sejam realizados por médicos com registro de qualificação de especialista (RQE) em oftalmologia”, enfatiza o CBO. Essa medida é crucial para garantir que a assistência oferecida seja de alta qualidade.

Cuidados Necessários

Após os procedimentos cirúrgicos, os pacientes devem ser acompanhados por até 30 dias pela equipe responsável. É essencial que quaisquer eventos adversos sejam comunicados imediatamente à vigilância sanitária. O CBO ainda destaca que, em caso de infecções, os mutirões devem ser interrompidos até que as causas sejam apuradas.

Além disso, o uso de unidades móveis para atendimentos oftalmológicos é considerado “contraindicado”, pois pode comprometer a qualidade do atendimento. O CBO recomenda que gestores contratem equipes apenas após comprovar a incapacidade local em atender à demanda.

Responsabilidades dos Médicos e Pacientes

O guia também orienta os médicos a garantir que as normas sanitárias sejam seguidas e a informar os pacientes sobre os procedimentos. “Os médicos têm um papel fundamental na orientação dos pacientes sobre medicamentos e cuidados pós-operatórios”, ressalta o CBO.

Pacientes e acompanhantes também têm um papel ativo na segurança durante os mutirões. Eles devem se informar sobre os procedimentos e cuidados necessários, além de agir de forma proativa ao fazer perguntas à equipe de saúde. O envolvimento do paciente ajuda a minimizar os riscos de complicações.

Importância da Conscientização

O CBO ressalta que a participação ativa dos pacientes é essencial para reduzir eventos adversos. Eles devem evitar tocar os olhos, nariz e boca enquanto estiverem em serviços de saúde e informar imediatamente sobre quaisquer sintomas anormais após a cirurgia.

Ao estabelecer essas diretrizes, o CBO espera não apenas evitar incidentes semelhantes no futuro, mas também promover uma maior confiança da população nas ações de saúde pública. O foco é sempre a segurança do paciente, assegurando que todos tenham acesso a um tratamento seguro e eficaz.