Após sete anos do incêndio que devastou suas instalações, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, reabre suas portas ao público nesta quarta-feira (2), apresentando a exposição “Entre Gigantes: uma Experiência no Museu Nacional”. A mostra marca um passo importante na recuperação do patrimônio histórico e científico do Brasil, ao mesmo tempo em que a instituição continua a buscar financiamento para a reconstrução completa do palácio bicentenário.
Reabertura Parcial e Exposição “Entre Gigantes”
A exposição temporária “Entre Gigantes” oferece aos visitantes a oportunidade de revisitar parte do acervo que resistiu ao incêndio de 2018. A mostra estará disponível até 31 de agosto e ocupa três espaços restaurados do palácio, proporcionando uma experiência emocionante e educativa.
O Meteorito Bendegó: Um Símbolo de Resistência
Logo na entrada, o público poderá se reencontrar com o famoso meteorito Bendegó, um dos maiores do Brasil, que integra a coleção do museu há 137 anos. O meteorito se tornou um símbolo da resiliência da instituição após a tragédia, representando a força e a determinação em preservar a memória e a história do país.
A História do Museu e a Reconstrução do Palácio
A sala seguinte é dedicada à história do Museu Nacional e ao processo de reconstrução do palácio. Dessa forma, a exposição apresenta detalhes da arquitetura original do prédio, informações sobre as obras de restauro e duas esculturas de mármore de Carrara que sobreviveram ao fogo, demonstrando o esforço contínuo para recuperar e revitalizar o espaço.
A Baleia Cachalote: Uma Nova Atração no Pátio Principal
Além disso, o pátio da escadaria principal reserva uma surpresa para os visitantes: o esqueleto de uma baleia cachalote com quase 16 metros de comprimento. Recém-adquirido pelo museu, o esqueleto está suspenso no teto, criando a ilusão de que o animal está nadando. Ademais, os visitantes serão convidados a participar da escolha do nome para a cachalote, que é o maior esqueleto em exibição na América do Sul.
A vice-diretora do museu, Andréa Costa, ressaltou a importância do momento, destacando o esforço coletivo da comunidade do museu ao longo dos anos de reconstrução. “A comunidade do museu trabalhou muito ao longo destes anos da reconstrução e tem resistido e se envolvido com a alma pra gente reabrir e continuar as nossas atividades. Pra gente é tudo muito importante, muito simbólico, e muito grande estar passando por este momento agora, porque é a soma de todos os esforços”, afirmou Costa.
Continuidade da Reconstrução e Busca por Financiamento
A reabertura parcial do Museu Nacional ocorre simultaneamente à continuidade das obras de reconstrução do palácio histórico. A saber, o orçamento total da obra é de R$ 516,8 milhões, dos quais R$ 347,2 milhões já foram captados junto a entes públicos e empresas privadas. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi o maior contribuidor, com um repasse de R$ 100 milhões.
O ministro da Educação, Camilo Santana, garantiu que o restante da quantia necessária, aproximadamente R$ 170 milhões, será levantado. Além disso, Santana confirmou negociações com a Petrobras para a realização de novos aportes. A expectativa é que a estatal contribua significativamente para a conclusão das obras.
Segundo Santana, o governo federal tem demonstrado um compromisso crescente com a recuperação do museu. “Em 2023, a gente tinha em torno de R$ 2 milhões previstos do Ministério da Educação para o museu. Nós colocamos, se não me engano, R$ 22 milhões. No ano passado, colocamos R$ 30 milhões. Este ano já estão previstos R$ 17 milhões. Então, nós vamos garantir, não tenho dúvida. É um compromisso do presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] garantir todos os recursos necessário e buscar nos parceiros, nos bancos públicos, no BNDES, na Petrobras, a conclusão dessa obra”, declarou Santana.
Até o momento, 75% das fachadas e 80% dos telhados foram restaurados, preservando as características originais do palácio. As obras em andamento incluem a reforma e ampliação do prédio anexo, o reforço estrutural de vãos, a consolidação de alvenarias e a instalação de sistemas de proteção contra raios e de captação de águas da chuva.
Um Marco para o Ensino e a Pesquisa
O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto de Andrade Medronho, enfatizou que a reabertura do palácio representa um marco para as atividades de ensino e pesquisa da instituição. “Esse museu é um ícone nacional não só histórico e cultural, mas também científico. Nós formamos aqui pesquisadores para o Brasil inteiro e para o mundo e é uma instituição de reputação internacional”, concluiu Medronho.
A reabertura parcial do Museu Nacional é um momento de celebração e esperança, simbolizando a resiliência da cultura e da ciência brasileiras. Ainda que a reconstrução completa do palácio demande tempo e recursos, a exposição “Entre Gigantes” oferece um vislumbre do futuro promissor da instituição, reafirmando seu papel fundamental na preservação da memória e na promoção do conhecimento.