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Mudanças climáticas reduzem chuvas na Amazônia e Pantanal, mas energia renovável avança na América do Sul

Relatório da OMM revela queda acentuada das chuvas na Amazônia e no Pantanal, mas destaca crescimento das fontes limpas de energia como sinal de progresso.
Pantanal durante a seca
Foto: Divulgação

Impactos das chuvas abaixo da média na região

De acordo com o novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), a quantidade de chuvas na Amazônia e no Pantanal foi entre 30% e 40% abaixo da média histórica em 2024. Esse fenômeno, embora preocupante, se soma a uma série de eventos climáticos extremos que afetaram grande parte da América Latina e do Caribe.

Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, afirmou que o impacto foi sentido desde os Andes até as regiões costeiras. “Os efeitos climáticos de 2024 afetaram tanto áreas de grande densidade populacional quanto ecossistemas sensíveis, causando danos econômicos e ambientais significativos”, comentou.

Seca no Norte e inundações no Sul: um contraste dramático

A redução das chuvas teve efeitos devastadores no Norte do Brasil, onde o nível do Rio Negro em Manaus foi o mais baixo já registrado. Ao mesmo tempo, no Rio Grande do Sul, as enchentes causaram a morte de 180 pessoas e prejuízos de cerca de R$ 8,5 bilhões ao setor agrícola.

Além disso, 2024 foi o ano mais quente da história na América do Sul, o que exacerbou tanto a seca quanto as enchentes. O aumento da temperatura favoreceu a proliferação de incêndios florestais, ampliando os desafios para a região.

Derretimento acelerado das geleiras: mais um sinal de alerta

Outro ponto preocupante do relatório foi o derretimento das geleiras na América do Sul. A Venezuela perdeu sua última geleira, a Humbolt, e agora se junta à Eslovênia como o segundo país a perder todas as suas geleiras. Além disso, a OMM informou que outras duas geleiras, a Conejeras e a Martial Sul, foram declaradas extintas em 2024.

Esse derretimento acelerado das geleiras tem implicações profundas. Segundo o relatório, as geleiras dos Andes perderam 25% de sua massa desde o século XIX, e o derretimento na região tropical está ocorrendo dez vezes mais rápido do que a média global.

Avanços em energia renovável como sinal de esperança

No entanto, apesar do cenário climático desafiador, o relatório da OMM também trouxe boas notícias. A capacidade de geração de energia renovável na América Latina e no Caribe atingiu 69% da matriz energética da região em 2024. Este crescimento de 30% em relação ao ano anterior reflete um movimento positivo em direção a um futuro mais sustentável.

Países como Costa Rica, Chile, Colômbia e Equador têm se destacado em inovações tecnológicas, como o uso de inteligência artificial para previsões de vento e o desenvolvimento de painéis solares flutuantes. Essas iniciativas demonstram que a região está caminhando para uma matriz energética mais limpa e sustentável, o que ajuda a mitigar alguns dos impactos das mudanças climáticas.

Caminho para um futuro mais sustentável

Embora os desafios climáticos sejam imensos, a América Latina e o Caribe continuam a avançar em áreas como a energia renovável. Esses avanços são vitais para a região e mostram que, apesar das adversidades, ainda há espaço para a inovação e para soluções sustentáveis. O relatório da OMM reforça a importância de intensificar esses esforços para combater os efeitos negativos das mudanças climáticas, garantindo um futuro mais seguro e sustentável para as próximas gerações.