O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) tomou uma medida judicial enérgica, acionando a Justiça para compelir a restauração da antiga residência de Joaquim Maria Machado de Assis, localizada na Rua dos Andradas, número 147, no centro da capital fluminense. Atualmente, o sobrado histórico encontra-se em avançado estado de degradação, gerando preocupação entre as autoridades e a sociedade civil.
A Iniciativa do Ministério Público para a Preservação
Recentemente, a Primeira Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural, um braço importante do MPRJ, protocolou uma ação civil pública. O objetivo central desta iniciativa é frear a contínua deterioração do imóvel e, além disso, garantir a completa recuperação de elementos arquitetônicos cruciais, como a fachada, a cobertura e a volumetria da edificação. Portanto, a ação busca proteger o patrimônio cultural de novos danos irreversíveis.
Adicionalmente, o processo judicial tem como alvos a Prefeitura do Rio de Janeiro e o atual proprietário do terreno. Conforme apurações do Ministério Público, o espaço onde o sobrado se localiza está sendo utilizado para estacionamento rotativo, o que, por sua vez, agrava a situação de abandono e degradação da estrutura histórica. Em vista disso, a Promotoria busca responsabilidades em ambos os entes para que a preservação seja efetivada.
O Legado de Machado de Assis e a Importância do Imóvel
Joaquim Maria Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura brasileira, residiu neste endereço por um período significativo de dois anos, entre 1869 e 1871. Este foi um momento crucial em sua carreira, pois antecedeu a publicação de seu primeiro romance, “Ressurreição”. A casa, por sua intrínseca conexão com o imortal escritor, possui um valor histórico e cultural inestimável para o Brasil.
Em virtude de sua relevância histórica, a antiga moradia do autor de “Dom Casmurro” é oficialmente reconhecida como uma Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC). Além disso, o imóvel foi tombado por meio de um decreto municipal, impondo, por conseguinte, um regime de proteção especial que exige a sua salvaguarda. Por outro lado, o atual estado de conservação contradiz essa proteção legal, motivando a intervenção do MP.
Demandas Urgentes e Consequências Legais
Diante do cenário preocupante, o Ministério Público exige que tanto a prefeitura quanto o proprietário adotem uma série de medidas emergenciais. Para tanto, são solicitadas ações que visem à segurança estrutural do prédio, à sua limpeza e conservação, bem como à sua guarda adequada. Subsequentemente, o objetivo é garantir a reparação e a futura restauração integral da edificação, revertendo o quadro de degradação.
A ação civil pública será examinada e julgada pela 15ª Vara de Fazenda Pública da Capital. É importante destacar que, em caso de eventual descumprimento de uma decisão judicial que venha a ser proferida, a Promotoria solicita a aplicação de uma multa diária. Essa penalidade, fixada em R$ 10 mil, seria imposta tanto à Prefeitura quanto ao proprietário, reforçando a seriedade e a urgência da questão. Dessa forma, busca-se assegurar o cumprimento das determinações e a efetiva proteção do patrimônio.