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Morte em festa junina: protestos após operação policial no Rio

Protesto no Rio após jovem morrer em operação policial durante festa junina. Moradores denunciam ação da PM que deixou um morto e cinco feridos, gerando indignação e mobilização de autoridades.
Morte jovem festa junina Rio
Foto: vozdascomunidades/Instagram

Morte em Festa Junina: Protestos Acendem Debate sobre Violência Policial no Rio

Um protesto inflamado tomou as ruas da comunidade de Santo Amaro, no Rio de Janeiro, no sábado, dia 7 de junho. A manifestação foi uma resposta à morte de Herus Guimarães, jovem baleado durante uma operação policial durante uma festa junina na madrugada do mesmo dia. Além de Herus, quatro pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave, e todas internadas no Hospital Municipal Souza Aguiar. A tragédia gerou comoção e indignação, culminando em uma série de protestos e mobilização de autoridades.

Manifestantes carregavam cartazes com dizeres como “Justiça para Herus. Favela não é bandido”, expressando a dor e a revolta da comunidade. A cena ficou ainda mais impactante com a presença de adolescentes que participaram da apresentação de quadrilhas na festa, exibindo suas roupas manchadas de sangue, testemunhas silenciosas da violência daquela noite. Integrantes de grupos religiosos da comunidade também se juntaram ao protesto, realizando uma roda de oração em busca de paz e proteção para os moradores.

Denúncias e Testemunhos de Violência

Em um vídeo divulgado nas redes sociais pela ONG Voz da Comunidade, um morador relatou seu encontro com os policiais durante o início da operação. Segundo ele, questionou a ação policial diante da presença de crianças na festa. Ele descreveu a cena: “Perguntei a eles: ‘Por que vocês estão fazendo isso? Tem um monte de criança aqui!’”, relatou o morador. O testemunho continua: “Jogaram uma bomba de gás lacrimogêneo em cima de mim. Eles sabem que estão errados. Tentaram conversar comigo e me acalmar e eu falei que aquilo ali era uma vergonha. Essa festa estava sendo anunciada há mais de um mês. Todo mundo sabia. É uma festa que há mais de 40 anos existe aqui”. A narrativa do morador ressalta a surpresa e o descontentamento com a ação policial em um evento tradicional e amplamente divulgado.

Reação das Autoridades e Organismos de Direitos Humanos

Diante da gravidade dos fatos, diversas autoridades e instituições se manifestaram. O Ministério da Igualdade Racial anunciou o envio de ofícios para as autoridades estaduais e órgãos de controle, solicitando esclarecimentos sobre as razões e consequências da operação policial. A ministra Anielle Franco classificou o ocorrido como “revoltante e desesperador”, expressando solidariedade às famílias das vítimas. Em suas palavras, “Um jovem morreu e várias pessoas ficaram feridas por uma política de segurança pública que não respeita a vida daqueles que moram e residem em favelas e periferias”.

Além do Ministério da Igualdade Racial, a ministra de Direitos Humanos, Macaé Evaristo, também se posicionou, afirmando que “Segurança pública não pode ser sinônimo de medo, é um direito de todos. Os direitos à cultura e à vida devem ser assegurados, independentemente do CEP”. O Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro divulgou nota de repúdio, condenando a operação policial durante a festa junina e destacando a obrigação do Estado em proteger crianças e adolescentes. A comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do estado também está acompanhando o caso. Por fim, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) manifestou “profundo pesar” e comprometimento com a apuração dos fatos e responsabilização dos envolvidos.

Investigação e Implicações

Em conclusão, a morte de Herus Guimarães durante a operação policial na festa junina de Santo Amaro gerou uma onda de protestos e mobilizou diversas instâncias governamentais e organismos de direitos humanos. A investigação do caso é fundamental para esclarecer as circunstâncias da morte e responsabilizar os envolvidos. Mais do que isso, o episódio levanta um debate crucial sobre as políticas de segurança pública e a necessidade de garantir a proteção da vida e dos direitos humanos, principalmente em comunidades vulneráveis. O ocorrido serve como um alerta sobre a urgência de se repensar as estratégias de segurança pública, a fim de evitar novas tragédias e garantir a convivência pacífica entre as forças de segurança e a população.