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Mortandade de corais atinge níveis alarmantes no Nordeste em 2024

Recifes de Maragogi, Natal e Salvador sofrem com branqueamento intenso devido ao calor e ao El Niño
Corais Nordeste
Foto: UFPE

Corais do Nordeste Enfrentam Mortalidade Recorde em 2024

Os recifes de coral no Nordeste do Brasil enfrentaram uma severa mortandade em 2024, segundo o relatório anual do projeto Coral Vivo, divulgado nesta segunda-feira (30). O estudo aponta que o calor extremo, associado ao fenômeno El Niño, foi o principal responsável por esse impacto ambiental. As áreas mais afetadas incluem Maragogi (AL), Natal (RN) e Salvador (BA), onde os corais sofreram branqueamento em larga escala.

Os pesquisadores alertam que este é o segundo maior evento de branqueamento registrado nos últimos cinco anos, com intensidade comparável ao ocorrido em 2019.

O Que Causou o Branqueamento?

O branqueamento ocorre quando os corais expulsam as zooxantelas, micro-organismos que vivem em simbiose com eles. Esses organismos são responsáveis pela cor e fornecem nutrientes essenciais ao coral. O aumento excessivo da temperatura da água compromete essa relação, resultando na perda de cor e, muitas vezes, na morte do coral.

“A temperatura elevada estressa os corais, afetando seu metabolismo e tornando-os vulneráveis à morte”, explicou o relatório. O fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico, amplificou o problema, afetando diretamente as regiões tropicais do Brasil.

Impactos Locais e Globais

Embora o maior impacto tenha ocorrido no Nordeste, a onda de calor também afetou partes do Sudeste e do sul da Bahia. Nestas regiões, a menor intensidade do fenômeno resultou em uma taxa de mortalidade inferior.

Espécies ameaçadas, como o coral-vela (Mussismilia harttii), exclusivo das águas brasileiras, foram severamente afetadas. O coral-de-fogo (Millepora alcicornis), uma das espécies mais sensíveis ao calor, também sofreu perdas significativas.

A Importância dos Recifes de Coral

Os recifes de coral desempenham um papel crucial na manutenção do equilíbrio ambiental. Eles:

  • Protegem as praias da erosão,
  • Abrigam milhares de espécies marinhas,
  • Sustentam a pesca e o turismo, fontes de renda para comunidades costeiras.

Com a morte dos corais, o ecossistema marinho se torna mais vulnerável, prejudicando a biodiversidade e afetando a economia das regiões litorâneas.

Medidas de Conservação

O relatório do Coral Vivo reforça a necessidade de políticas públicas robustas para proteger os recifes. Áreas de conservação e programas de monitoramento contínuo são fundamentais para evitar novas perdas.

“Precisamos de estratégias eficazes para minimizar os danos e preservar os corais que restam”, destacou o documento. O projeto tem colaborado com universidades e governos locais para fortalecer ações de conservação.

Perspectivas para o Futuro

A expectativa é que, com a redução da intensidade do El Niño, os recifes consigam iniciar um processo de recuperação. Entretanto, os cientistas alertam que, sem uma abordagem efetiva para combater o aquecimento global, episódios de branqueamento serão cada vez mais frequentes.

“A proteção dos recifes é uma missão global que exige a participação de governos, cientistas e comunidades locais”, finalizou o relatório.