O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proferiu voto nesta sexta-feira (7) para que seu ex-assessor, Eduardo Tagliaferro, se torne réu e responda judicialmente. A acusação central envolve o vazamento de informações confidenciais relativas a processos que tramitavam tanto no STF quanto no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde Tagliaferro atuou previamente.
Abertura do Processo e Andamento do Julgamento
Este julgamento crucial acontece na Primeira Turma do Supremo, em uma sessão realizada em ambiente virtual. Como relator da matéria, o ministro Moraes foi o primeiro a se manifestar, depositando seu voto às 11h da manhã de hoje. Consequentemente, os demais membros do colegiado, incluindo os ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia, têm até as 23h59 do dia 14 de novembro para apresentarem suas respectivas posições. A decisão final, portanto, ainda está em aberto e aguarda a manifestação de todos os envolvidos.
As Acusações da Procuradoria-Geral da República
Tagliaferro foi formalmente denunciado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, por uma série de crimes graves. Especificamente, ele é acusado de violação de sigilo funcional, um ato que compromete a confidencialidade inerente a seu cargo. Além disso, a denúncia inclui coação no curso do processo, obstrução de investigação envolvendo organização criminosa e, ainda mais grave, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A acusação detalha que Tagliaferro supostamente repassou para veículos de imprensa conversas privadas que mantinha com outros servidores dos tribunais, aproveitando-se de sua posição como assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE.
Contexto da Denúncia e Repercussões Iniciais
Na época em que os vazamentos vieram à tona, o caso imediatamente levantou diversos questionamentos acerca da legalidade das decisões tomadas pelo ministro Moraes em investigações que miravam ataques contra o Supremo Tribunal Federal. Entretanto, o gabinete do ministro rapidamente emitiu uma nota negando qualquer irregularidade em suas ações. Ademais, ele recebeu apoio público dos outros ministros da Corte, que reiteraram a lisura de seus procedimentos. Por outro lado, Gonet argumentou que o ex-assessor agiu impulsionado por “intenções pessoais”, buscando, acima de tudo, desestabilizar o processo eleitoral e fomentar a propagação de notícias falsas. Em última análise, segundo o procurador, o objetivo seria “potencializar reações ofensivas contra o legítimo trabalho das autoridades brasileiras responsáveis pelas investigações e ações penais que seguem em curso regular”.
Motivações e o Pedido de Extradição
A Procuradoria-Geral da República sustentou ainda que as ações de Tagliaferro visavam atender aos interesses da própria “milícia digital” que, paradoxalmente, ele tinha como missão combater em sua função. Atualmente, Eduardo Tagliaferro reside na Itália, beneficiando-se de sua dupla nacionalidade. Em entrevistas concedidas do exterior, ele frequentemente afirma ser alvo de perseguição por parte do ministro Moraes. Conforme sua versão, ele possuiria provas de supostas irregularidades na condução de processos sob a relatoria do ministro, o que, em sua visão, justificaria a perseguição. Diante deste cenário, e a pedido de Moraes, o Brasil formalizou junto às autoridades italianas a solicitação de extradição de Tagliaferro. O objetivo é que ele possa responder no território brasileiro ao processo criminal do qual é réu. Uma audiência decisiva sobre o pedido de extradição já foi agendada pela Justiça italiana para o dia 17 de dezembro.



