O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira (25) o desbloqueio das redes sociais da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Embora a parlamentar permaneça presa na Itália, onde aguarda a conclusão de um processo de extradição solicitado pelo governo brasileiro, a decisão do magistrado impõe uma multa diária de R$ 20 mil caso haja reiteração na publicação de conteúdo classificado como desinformação, discurso de ódio ou que atente contra a democracia.
Motivação por Trás da Decisão Judicial
A decisão de Moraes de liberar as plataformas digitais da deputada se baseou na compreensão de que a medida de bloqueio não se mostrava mais necessária. Isso porque o processo criminal que envolvia a parlamentar, e que justificava a restrição anterior, já foi formalmente encerrado. Entretanto, a liberdade de expressão concedida vem acompanhada de severas condições, reforçando o compromisso do tribunal com a integridade do debate público e a defesa das instituições democráticas.
Condições Impostas e Abrangência da Medida
A determinação judicial estipula uma multa de R$ 20 mil por dia para Zambelli, que será aplicada em cada episódio de publicação de conteúdo com desinformação, disseminação de discurso de ódio ou postagens que desafiem a ordem democrática. Além disso, a liberação abrange uma ampla gama de plataformas de mídia social. Entre elas, estão as redes pertencentes à Meta (como Facebook e Instagram, embora não citadas explicitamente no original, são subentendidas pela menção à Meta), bem como Telegram, X (antigo Twitter), LinkedIn, TikTok, Getter e YouTube. Essa abrangência demonstra a intenção de monitorar a conduta da parlamentar em diversos ambientes digitais.
Contexto: A Trajetória de Carla Zambelli
Prisão na Itália e Processo de Extradição
Carla Zambelli foi detida em Roma, capital da Itália, em julho passado, após tentativas de evitar o cumprimento de um mandado de prisão expedido pelo próprio ministro Alexandre de Moraes. Posteriormente, em 11 de junho, o Supremo Tribunal Federal oficializou o pedido de extradição da deputada para o Brasil. Em seguida, o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Itamaraty, encaminhou formalmente a solicitação ao governo italiano, que agora avalia o retorno da parlamentar ao território nacional para responder às acusações.
Acusações de Hackeamento e Mandado Falso
As investigações apontam que a deputada Carla Zambelli é considerada a mentora intelectual por trás de uma invasão a sistemas governamentais, cujo objetivo era a emissão de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes. De acordo com os levantamentos, Walter Delgatti executou o hackeamento. Ele, que também foi condenado pelo ato, confirmou ter agido a mando da parlamentar, implicando-a diretamente na fraude contra o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Desdobramentos na Câmara dos Deputados
Paralelamente aos processos judiciais, Carla Zambelli é alvo de um processo de cassação de mandato na Câmara dos Deputados. Recentemente, ela prestou depoimento por videoconferência à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa. Em sua fala, a deputada negou veementemente qualquer participação na violação do sistema eletrônico do CNJ, buscando refutar as acusações que pesam contra ela e que podem culminar na perda de seu cargo eletivo.
Em conclusão, a decisão do ministro Alexandre de Moraes representa um ponto de equilíbrio entre a garantia da liberdade de expressão e a necessidade de coibir a disseminação de informações falsas e discursos nocivos. Embora as redes sociais da deputada Zambelli estejam liberadas, a imposição da multa diária e a vigilância contínua sobre seus conteúdos evidenciam a seriedade das acusações e a postura rigorosa do Judiciário frente a comportamentos que possam ameaçar a ordem democrática brasileira, enquanto a parlamentar segue seu processo de extradição na Itália e responde às questões na Câmara.