Edição Brasília

Moraes libera redes de Carla Zambelli com multa por desinformação

Alexandre de Moraes (STF) liberou nesta quinta (25) as redes sociais da deputada Carla Zambelli, presa na Itália, mas impôs multa de R$ 20 mil por dia em caso de desinformação.
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Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira (25) o desbloqueio das redes sociais da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Embora a parlamentar permaneça presa na Itália, onde aguarda a conclusão de um processo de extradição solicitado pelo governo brasileiro, a decisão do magistrado impõe uma multa diária de R$ 20 mil caso haja reiteração na publicação de conteúdo classificado como desinformação, discurso de ódio ou que atente contra a democracia.

Motivação por Trás da Decisão Judicial

A decisão de Moraes de liberar as plataformas digitais da deputada se baseou na compreensão de que a medida de bloqueio não se mostrava mais necessária. Isso porque o processo criminal que envolvia a parlamentar, e que justificava a restrição anterior, já foi formalmente encerrado. Entretanto, a liberdade de expressão concedida vem acompanhada de severas condições, reforçando o compromisso do tribunal com a integridade do debate público e a defesa das instituições democráticas.

Condições Impostas e Abrangência da Medida

A determinação judicial estipula uma multa de R$ 20 mil por dia para Zambelli, que será aplicada em cada episódio de publicação de conteúdo com desinformação, disseminação de discurso de ódio ou postagens que desafiem a ordem democrática. Além disso, a liberação abrange uma ampla gama de plataformas de mídia social. Entre elas, estão as redes pertencentes à Meta (como Facebook e Instagram, embora não citadas explicitamente no original, são subentendidas pela menção à Meta), bem como Telegram, X (antigo Twitter), LinkedIn, TikTok, Getter e YouTube. Essa abrangência demonstra a intenção de monitorar a conduta da parlamentar em diversos ambientes digitais.

Contexto: A Trajetória de Carla Zambelli

Prisão na Itália e Processo de Extradição

Carla Zambelli foi detida em Roma, capital da Itália, em julho passado, após tentativas de evitar o cumprimento de um mandado de prisão expedido pelo próprio ministro Alexandre de Moraes. Posteriormente, em 11 de junho, o Supremo Tribunal Federal oficializou o pedido de extradição da deputada para o Brasil. Em seguida, o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Itamaraty, encaminhou formalmente a solicitação ao governo italiano, que agora avalia o retorno da parlamentar ao território nacional para responder às acusações.

Acusações de Hackeamento e Mandado Falso

As investigações apontam que a deputada Carla Zambelli é considerada a mentora intelectual por trás de uma invasão a sistemas governamentais, cujo objetivo era a emissão de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes. De acordo com os levantamentos, Walter Delgatti executou o hackeamento. Ele, que também foi condenado pelo ato, confirmou ter agido a mando da parlamentar, implicando-a diretamente na fraude contra o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Desdobramentos na Câmara dos Deputados

Paralelamente aos processos judiciais, Carla Zambelli é alvo de um processo de cassação de mandato na Câmara dos Deputados. Recentemente, ela prestou depoimento por videoconferência à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa. Em sua fala, a deputada negou veementemente qualquer participação na violação do sistema eletrônico do CNJ, buscando refutar as acusações que pesam contra ela e que podem culminar na perda de seu cargo eletivo.

Em conclusão, a decisão do ministro Alexandre de Moraes representa um ponto de equilíbrio entre a garantia da liberdade de expressão e a necessidade de coibir a disseminação de informações falsas e discursos nocivos. Embora as redes sociais da deputada Zambelli estejam liberadas, a imposição da multa diária e a vigilância contínua sobre seus conteúdos evidenciam a seriedade das acusações e a postura rigorosa do Judiciário frente a comportamentos que possam ameaçar a ordem democrática brasileira, enquanto a parlamentar segue seu processo de extradição na Itália e responde às questões na Câmara.