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Moraes intima Filipe Martins a justificar perda de sinal de tornozeleira, sob pena de prisão

O ministro Alexandre de Moraes intimou Filipe Martins a justificar, em 5 dias, a perda do sinal de sua tornozeleira eletrônica, sob risco de prisão. O ex-assessor é réu na trama golpista.
Filipe Martins perda sinal tornozeleira
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu um prazo de cinco dias para Filipe Martins, ex-assessor para assuntos internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro, apresentar justificativas detalhadas sobre a interrupção do sinal de sua tornozeleira eletrônica. A decisão, emitida nesta terça-feira (28), estabelece uma condição rigorosa: a falha em prover esclarecimentos adequados poderá resultar na decretação imediata da prisão do réu, que é investigado na chamada “trama golpista”.

Determinação Judicial e Falha no Monitoramento

A intimação por parte do ministro Alexandre de Moraes surge após um relatório enviado pela Polícia Penal do Paraná. Conforme o documento, o dispositivo de rastreamento GPS de Martins ficou inoperante por um período significativo de uma hora, precisamente entre 17h50 e 18h53 do dia 23 de outubro. Essa interrupção no sinal do equipamento de monitoramento eletrônico, entretanto, representa uma quebra das medidas cautelares previamente impostas ao ex-assessor.

Diante da gravidade da situação, o ministro foi enfático em sua determinação judicial. Ele ressaltou que os advogados de Filipe Martins devem “prestar esclarecimentos sobre o descumprimento das medidas cautelares impostas, no prazo máximo de cinco dias, sob pena de decretação imediata da prisão do réu”. Assim, a apresentação de uma justificativa crível torna-se um elemento crucial para a manutenção da liberdade provisória de Martins, evitando um desdobramento que culminaria em sua prisão.

O Contexto da Acusação de Filipe Martins

Filipe Martins figura como um dos réus no chamado Núcleo 2 da trama golpista, que investiga supostas tentativas de subverter o regime democrático durante o governo anterior. Atualmente, ele responde ao processo em liberdade, porém, sob a condição expressa de monitoramento contínuo por meio da tornozeleira eletrônica. Tal medida, por exemplo, visa assegurar sua permanência dentro das condições estabelecidas pela justiça, prevenindo riscos de fuga ou de obstrução à investigação, o que é de suma importância em casos de tamanha repercussão.

Além disso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) identificou Filipe Martins como uma peça central na elaboração da controvertida “minuta de golpe de Estado”. Este documento, que teria circulado nos bastidores do Palácio do Planalto no final do governo Bolsonaro, é considerado um dos pilares das acusações contra ele e outros envolvidos na suposta articulação antidemocrática. Portanto, qualquer descumprimento das medidas cautelares é visto com extrema seriedade pelas autoridades judiciárias.

Implicações da Falha e Próximos Passos

A perda do sinal da tornozeleira eletrônica, por conseguinte, não é um incidente menor, mas sim uma violação direta das condições que garantem a liberdade provisória de Martins. O monitoramento eletrônico é uma ferramenta essencial para a justiça acompanhar a localização e o cumprimento das restrições de um réu, especialmente em casos de alta complexidade e repercussão, como a trama golpista. A ausência de sinal, em suma, impede o controle efetivo sobre o acusado, comprometendo a segurança jurídica.

Nesse sentido, a defesa de Filipe Martins enfrenta agora a urgência de apresentar uma explicação convincente e crível sobre o ocorrido para evitar consequências mais severas. Caso os advogados não consigam justificar de forma satisfatória a perda do sinal do equipamento no período especificado, a ordem de prisão será ativada, o que levaria Martins de volta ao regime de custódia. Em conclusão, a situação evidencia a intransigência do STF em relação à observância das medidas cautelares, sublinhando a seriedade das acusações que pesam sobre o ex-assessor e a rigidez do sistema judicial.