O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira (31) que a Advocacia-Geral da União (AGU) inicie as providências para a extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Esta decisão emerge após a comunicação oficial ao Supremo sobre a prisão da parlamentar em Roma, Itália, onde ela tentava evadir-se de um mandado de prisão emitido pelo próprio Moraes.
A Detenção em Roma e a Ordem Judicial
A prisão de Zambelli ocorreu na terça-feira (29) na capital italiana. A deputada buscou refúgio na Itália, utilizando sua dupla cidadania, na tentativa de obter asilo político e, assim, escapar da execução da ordem judicial que pesava contra ela. Posteriormente, o governo brasileiro solicitou formalmente a extradição da parlamentar, visando seu retorno para o cumprimento da pena no país.
Em virtude dessa situação, o ministro Moraes foi incisivo ao instruir a AGU. Ele determinou expressamente: “Oficie-se à Advocacia-Geral da União para que acompanhe e adote as providências cabíveis e necessárias relacionadas ao processo de extradição da ré”. Este passo sublinha a urgência e a seriedade com que o Judiciário brasileiro trata o caso, visando garantir o cumprimento da lei e a responsabilização da deputada.
As Acusações e a Condenação de Zambelli
A deputada Carla Zambelli enfrenta sérias acusações que culminaram em sua condenação pelo STF a dez anos de prisão. A sentença, proferida em 2023, decorre de sua participação ativa na invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). De acordo com as investigações, Zambelli foi a mente por trás do plano, orquestrando a ação criminosa. Além da pena de reclusão, ela foi condenada a pagar R$ 2 milhões em indenização por danos coletivos, reforçando o impacto das suas ações no sistema judiciário.
O Papel de Walter Delgatti na Invasão
As apurações indicaram que o hackeamento do sistema do CNJ teve como objetivo a emissão de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, demonstrando a gravidade da intenção. Posteriormente, as investigações revelaram que Walter Delgatti foi o executor técnico dessa invasão. Delgatti, que também foi condenado no âmbito do mesmo processo, confirmou ter realizado o trabalho sob as ordens diretas da parlamentar. Portanto, a participação de Zambelli, conforme as provas e a condenação, transcende a mera autoria intelectual, configurando-se como uma liderança ativa e essencial na orquestração do crime.
O Processo Formal de Extradição
O pedido de extradição de Carla Zambelli recebeu formalização em 11 de junho, por iniciativa do ministro Alexandre de Moraes. Em seguida, o Ministério das Relações Exteriores, conhecido como Itamaraty, encaminhou a solicitação oficial ao governo italiano, iniciando assim os trâmites diplomáticos e legais necessários para o retorno da deputada ao Brasil. Este movimento diplomático é fundamental, pois é a via pela qual um país busca a cooperação de outro para a entrega de um indivíduo condenado ou acusado, de acordo com as normas do direito internacional.
Conteúdo do Pedido e Garantias Oferecidas
O documento de extradição enviado à Itália é abrangente e detalhado. Ele contém uma cópia integral da deliberação que resultou na condenação da deputada, juntamente com os artigos pertinentes do Código Penal brasileiro que sustentam a decisão judicial. O texto da deliberação destaca que a deputada, de forma consciente e intencional, liderou a invasão a sistemas do Poder Judiciário. A ação, segundo o documento, envolveu planejamento e a coordenação de um indivíduo com as habilidades técnicas necessárias para adulterar informações sem qualquer autorização legal, ressaltando a natureza orquestrada do crime.
Além disso, o ministro Moraes incluiu no pedido de extradição uma série de garantias fundamentais que o Brasil se compromete a oferecer a Carla Zambelli, caso a Itália autorize seu retorno. Entre essas garantias, estão o compromisso de não submeter a deputada a prisão ou processo por fato anterior ao pedido de extradição, a não imposição de pena perpétua, a garantia de que a pena não será agravada por motivos políticos, e a promessa de não submetê-la a tortura ou a tratamentos desumanos ou degradantes. Tais condições são praxes em processos de extradição, assegurando os direitos do extraditando de acordo com as leis internacionais e os tratados bilaterais vigentes.
A determinação do ministro Alexandre de Moraes e as ações subsequentes da AGU e do Itamaraty evidenciam a firmeza do Estado brasileiro em buscar o cumprimento das decisões judiciais, mesmo quando envolvem indivíduos em território estrangeiro. O processo de extradição, com suas complexidades jurídicas e diplomáticas, segue seu curso, aguardando agora a deliberação final das autoridades italianas para o retorno da deputada Carla Zambelli ao Brasil, onde deverá cumprir a pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal.