Em uma série de encontros com lideranças políticas e militares, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, discutiram a inclusão das despesas obrigatórias das Forças Armadas no novo pacote de cortes de gastos que o governo federal pretende implementar. A medida, que integra um esforço de ajuste fiscal, busca alinhar todas as despesas do governo ao novo arcabouço fiscal, que limita o crescimento dos gastos públicos à receita.
Na reunião, Haddad se encontrou com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para apresentar os argumentos da Fazenda e coletar sugestões dos militares. “As equipes técnicas das Forças Armadas estão à disposição para colaborar com o Tesouro Nacional”, informou Haddad, sinalizando o compromisso dos militares em apoiar o ajuste fiscal.
Proposta inclui mudanças constitucionais e aprovação pelo Congresso
O pacote de corte de gastos inclui uma proposta de emenda à Constituição (PEC) e um projeto de lei complementar (PLP), ambos necessários para consolidar as medidas de contenção fiscal. A tramitação depende da aprovação no Congresso Nacional. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, já manifestou apoio, destacando a importância de manter as despesas públicas alinhadas ao novo arcabouço fiscal. Segundo Haddad, Lira entende que a uniformidade das despesas é fundamental para garantir a estabilidade fiscal.
Planejamento de longo prazo e critérios de sustentabilidade
Fernando Haddad explicou que o objetivo do pacote não é apenas cumprir metas fiscais anuais, mas sim implementar uma estrutura fiscal sustentável que suporte a economia no longo prazo. “Nosso compromisso é com regras duradouras que assegurem o equilíbrio das contas públicas para os próximos anos”, ressaltou o ministro.
O arcabouço fiscal em vigor, que substituiu o antigo teto de gastos, limita o crescimento das despesas a 70% da variação da receita nos últimos 12 meses. Esse modelo garante flexibilidade e controle, mesmo em períodos de crescimento ou retração econômica. Em fases de crescimento acelerado, o aumento dos gastos pode chegar a 2,5% acima da inflação; já em momentos de contração, o limite é de 0,6%.
Apoio das Forças Armadas e novos dados sobre incentivos fiscais
O apoio das Forças Armadas é considerado um marco positivo na tramitação do pacote, ampliando o escopo de cooperação entre ministérios e outras instituições. A Fazenda também anunciou que não planeja alterar os subsídios fiscais empresariais no momento, mas a Receita Federal divulgou dados inéditos sobre os valores de benefícios concedidos. O levantamento indicou que 54,9 mil contribuintes, beneficiados por créditos tributários, declararam R$ 97,7 bilhões em incentivos fiscais entre janeiro e agosto deste ano.
Aprovação depende da autorização do Presidente da República
A data para apresentação oficial das medidas ainda não foi confirmada. Haddad destacou que a decisão depende da autorização do presidente Lula. “Estamos prontos para detalhar o pacote assim que o presidente der o aval”, afirmou o ministro.