Acusações e resposta da defesa
O advogado Jeffrey Chiquini, defensor do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, declarou nesta sexta-feira (29) que o militar foi vítima de uma armação no caso que investiga a tentativa de golpe de Estado e o planejamento de assassinatos de autoridades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. A operação foi desarticulada pela Polícia Federal (PF) por meio da Operação Contragolpe, resultando na prisão de Azevedo no último dia 19.
“Afirmamos categoricamente que não houve qualquer envolvimento do tenente-coronel Azevedo nas ações investigadas. Ele foi alvo de uma sabotagem orquestrada para incriminá-lo injustamente”, declarou Chiquini em entrevista coletiva. Segundo ele, o militar recebeu um celular “plantado” para ligá-lo à trama criminosa.
Detalhes da investigação
De acordo com o relatório da PF, Azevedo é apontado como o indivíduo identificado pelo codinome “Brasil” em mensagens interceptadas que detalhavam planos para a execução de autoridades em dezembro de 2022. O documento também menciona que o telefone atribuído ao militar foi utilizado para coordenar ações em Brasília.
A defesa do militar nega as acusações e afirma que ele estava em Goiânia no dia 15 de dezembro, data de uma das principais reuniões mencionadas no inquérito. “No aniversário de Azevedo, ele estava com a família, longe de qualquer envolvimento com conspirações”, garantiu Chiquini.
Suspeitas de sabotagem
O advogado levantou a hipótese de que o telefone entregue ao militar foi manipulado para incriminá-lo. “Havia outros aparelhos disponíveis, mas ele escolheu o mais novo, como seria esperado. Isso reforça que o celular foi colocado estrategicamente para incriminá-lo”, explicou Chiquini.
Além disso, a defesa questiona a falta de contextualização das mensagens atribuídas ao militar. “Sem o histórico completo de mensagens, não é possível determinar o real contexto dos textos usados como prova”, argumentou o advogado.
Alegações de inocência e próximos passos
Chiquini criticou o que chamou de “amadorismo” na tentativa de golpe e afirmou que isso é incompatível com o padrão operacional das forças especiais. Ele também destacou que Azevedo está disposto a colaborar com as investigações, mas reiterou que “inocentes não delatam”.
A defesa solicitará acesso ao celular apreendido pela PF para apresentar provas que, segundo Chiquini, demonstram a inocência do militar. Em seguida, o advogado pretende formalizar o pedido de soltura de seu cliente.
Próximas etapas da investigação
O relatório final da PF, com 884 páginas, foi encaminhado ao STF e à Procuradoria-Geral da República (PGR). Cabe agora à PGR decidir se oferecerá denúncia, arquivará o inquérito ou solicitará aprofundamento das investigações. O documento descreve as ações como parte de uma tentativa de impedir a posse do governo legitimamente eleito e de restringir o funcionamento do Judiciário.
A defesa de Azevedo se mantém firme na tese de que ele foi usado como bode expiatório para atingir as forças especiais e desviar o foco das investigações. Enquanto isso, a PF continua analisando os materiais apreendidos para esclarecer as responsabilidades de todos os envolvidos.