Fortaleza se tornou palco de um impulsionador fundamental para a economia criativa brasileira. O Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR+Ibero-América) está promovendo uma série de mentorias intensivas que visam capacitar e profissionalizar 210 artistas e artesãos. Até este sábado, dia 6 de abril, especialistas renomados oferecem orientação estratégica para fortalecer seus empreendimentos, fomentando o crescimento e a sustentabilidade no setor.
O Destaque das Mentorias no MICBR e a Seleção dos Especialistas
Uma das iniciativas mais procuradas do MICBR é, sem dúvida, o programa de mentorias. Após um rigoroso processo de chamada pública, foram escolhidos 14 mentores, cada um representando um segmento distinto da economia criativa. Dessa forma, áreas como dança, artes plásticas, música e audiovisual são contempladas, garantindo uma abordagem especializada e direcionada. O evento teve seu início na quarta-feira, dia 3 de abril, no vibrante Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), localizado na região central de Fortaleza, e segue com atividades até domingo, dia 7.
A demanda por participação foi impressionante, conforme relatado por Micaela Neiva, consultora sênior de Inteligência de Mercado do MICBR. Ela explica que mais de 400 profissionais se inscreveram para atuar como mentores. No entanto, apenas os 14 mais qualificados foram selecionados. Consequentemente, cada um desses especialistas tem a tarefa de orientar 15 empreendedores em suas respectivas áreas, totalizando a significativa marca de 210 mentees. Os atendimentos personalizados, com duração de 30 minutos, são conduzidos de forma individualizada, proporcionando uma experiência de imersão profunda para cada participante.
Ainda sobre o processo, Micaela Neiva destaca o calibre dos profissionais envolvidos. “São especialistas de mercado com grande renome, que se dedicam a oferecer um atendimento exclusivo aos empresários e empreendedores criativos. Inclusive, os próprios mentores tiveram a autonomia de selecionar os participantes que mais se alinhavam aos seus conhecimentos, o que enriquece muito essa experiência de imersão que todos estão tendo a oportunidade de vivenciar”, detalha a consultora.
Experiência Transformadora: Josefa Marques e o Artesanato Sustentável
Para exemplificar o impacto dessas mentorias, dona Josefa Marques Nazaré, uma artesã de Carapó, Mato Grosso do Sul, compartilhou sua experiência. Associada à Associação de Arte e Artesanato Vale da Esperança, Josefa dedica-se ao tingimento natural de lã de ovelha. Antes da mentoria, ela participou de uma rodada de negócios, que considerou “muito produtiva”, resultando no interesse de duas potenciais parcerias. Posteriormente, ao se submeter à mentoria na área de artesanato, ela ficou entusiasmada com as novas perspectivas.
A princípio, Josefa havia recebido sugestões para expandir sua atuação para o tingimento de tecidos e o corte de peças para venda. Entretanto, durante sua sessão com a mentora Nina Coimbra, designer e curadora de artesanato, ela recebeu um direcionamento crucial. A orientação principal foi para não misturar os focos de seu trabalho. “Minha mentora me aconselhou a não desviar do meu foco principal, que é o tingimento natural de lã. Ela sugeriu que é melhor me especializar nisso e repassar para quem quiser desenvolver as peças de roupa, mantendo a autenticidade do meu trabalho”, explicou a artesã, demonstrando a clareza obtida através da consultoria.
Nina Coimbra, por sua vez, reforça a importância dessa clareza na apresentação dos negócios. “Orientei a Josefa sobre a necessidade de não confundir os aspectos na hora da apresentação. É fundamental ter o serviço distinto do produto, para que ela possa contar a rica história por trás de cada peça que produz, de forma diferente do serviço oferecido”, afirmou a mentora, sublinhando a relevância de uma comunicação estratégica.
Visão dos Especialistas: O Papel do MICBR na Profissionalização Cultural
Para Nina Coimbra, eventos como o MICBR transcendem a mera reunião de negócios; eles se consolidam como uma política pública essencial para o avanço do setor cultural. Ela enfatiza que o mercado criativo, embora muitas vezes subestimado, é um motor econômico poderoso. “Este é um evento singular, proporcionando não apenas trocas valiosas dentro de cada setor, mas também fomentando o diálogo entre diversas expressões culturais. Dessa forma, ele cria a possibilidade de interações que se estendem muito além do período do evento”, comenta a designer.
Em conclusão, a mentora ressalta a perenidade do impacto do MICBR. “Eventos com essa envergadura permanecem relevantes ao longo de todo o ano. Além disso, a cultura, em suas múltiplas facetas, comprovadamente gera economia em diversos setores, e um encontro como este é a prova irrefutável de seu potencial transformador”, finaliza Nina. A iniciativa em Fortaleza, portanto, não apenas impulsiona negócios individualmente, mas fortalece toda a cadeia produtiva da cultura, promovendo a profissionalização e o reconhecimento de sua contribuição econômica e social.



