Criada em 2021, a linha de apoio cultural Meu Primeiro FAC nasceu da experiência direta da própria Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) na execução da Lei Aldir Blanc. O auxílio financeiro foi elaborado pelo Governo Federal para ajudar a classe artística durante o período da pandemia de covid-19. Por meio de um amplo serviço de busca ativa para atender esses artistas e técnicos do setor, gestores do órgão de cultura do DF perceberam, a partir de indicadores de edições passadas, que o programa se concentrava em proponentes com histórico de ganhar o recurso.
“A grande questão foi que havia uma série de situações nas quais os proponentes podiam ter um superprojeto e ficavam de lado, porque não tinham experiência, a ficha técnica não era robusta”, comenta o subsecretário de Fomento e Incentivo Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF, João Moro. “Então a ideia era ampliar o acesso das pessoas ao FAC, reservando uma parte do edital para agentes culturais que nunca receberam o recurso, com isso, descentralizando e democratizando ainda mais essa ferramenta”, avalia o gestor.
A iniciativa resultou em números impressionantes. Só no primeiro edital do FAC já com esta linha de incentivo ativo, em 2021, o número de inscrições no Cadastro de Entes e Agentes Culturais (Ceac) da Secec aumentou em 34%. Em 2021, na estreia da linha de incentivo Meu Primeiro FAC, foram inscritos 848 projetos, dos quais 197 contemplados de 29 regiões administrativas em 20 linguagens culturais diferentes, somando R$ 20,5 milhões de investimento.
“A importância desse segmento é conseguir garantir que vai ter gente que nunca acessou o FAC em cada um dos editais”, avalia o subsecretário João Moro. “Para a gente, isso é muito importante conseguirmos, de fato, descentralizar, democratizar o FAC. Conseguir trazer mais experiências para os produtores, dar acesso às pessoas novas que nunca acessaram o fundo”, reforça.
Este ano, graças ao Meu Primeiro FAC, 92 proponentes vão acessar pela primeira vez quase R$ 6 milhões em recursos do governo nas categorias artes visuais, artes cênicas, música, audiovisual e artes técnicas – voltada para os profissionais dos bastidores –, manifestações tradicionais e populares, arte urbana e cultura popular. Também foram destinadas reservas para artistas com deficiência, segmento LGBTQIA+ e agentes culturais com mais de 60 anos.
É o caso da artista experimental Walkíria Monteiro, autora do projeto Síntese, uma reflexão sobre a condição humana ilustrada com performance da artista dentro de uma bolha sobre as águas. Idealizado em 2008, surge como uma metáfora contundente dos tempos de pandemia. “É importante qualquer apoio à arte. Fiquei muito feliz de ser contemplada; é bom saber que tem esse caminho para os artistas que nunca foram contemplados, sem se preocupar com panelinhas, mas honestidade na seleção”, avalia. “Acho que meu trabalho foi selecionado pela contemporaneidade do tema, um projeto que fala sobre a angústia de existir”, ressalta.
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