Fim da Checagem de Fatos nos EUA
A Meta, empresa que controla Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou o fim do serviço de checagem de fatos nos Estados Unidos. A decisão foi explicada em comunicado enviado à Advocacia-Geral da União (AGU), no qual a empresa destacou que, “neste momento”, a mudança será limitada ao território estadunidense.
A checagem de fatos, implementada desde 2016 em 115 países, consistia na análise de informações por jornalistas e especialistas, que verificavam a veracidade de conteúdos e ofereciam contextualização aos usuários. Com o fim do serviço, a Meta introduziu a política de “notas da comunidade”, na qual apenas usuários cadastrados podem contestar informações que circulam nas plataformas.
A empresa sinalizou a intenção de expandir o modelo das “notas da comunidade” para outros países no futuro, mas não deu detalhes sobre um cronograma ou especificidades da implementação fora dos EUA.
Mudança na Política de Discurso de Ódio no Brasil
Enquanto encerra o serviço de checagem nos EUA, a Meta também anunciou alterações significativas em sua política de governança de conteúdo no Brasil. A nova política passou a permitir certos insultos preconceituosos contra mulheres, imigrantes e pessoas LGBTQIA+. Segundo a empresa, a mudança visa ampliar o debate e permitir discussões mais abertas sobre temas sociais.
“Tais atualizações simplificam a política de conteúdo e promovem debates que refletem as discussões em voga na sociedade”, afirmou a Meta. No entanto, a AGU manifestou preocupação com os riscos dessa flexibilização, destacando que as mudanças podem violar a legislação brasileira e a Constituição, que protege direitos fundamentais e combate discursos de ódio.
A AGU também ressaltou que a posição atual da Meta contradiz a defesa feita pela empresa no julgamento do Marco Civil da Internet no Supremo Tribunal Federal (STF), onde a companhia havia garantido que suas políticas eram suficientes para proteger os usuários.
Debate Público e Repercussão
Diante das mudanças, a AGU convocou uma audiência pública para a próxima quinta-feira (16). O objetivo é discutir os impactos das novas políticas da Meta, o dever das plataformas digitais em relação aos direitos dos usuários e as medidas necessárias para garantir o cumprimento da legislação brasileira.
“A audiência vai abordar os efeitos das mudanças implementadas pela Meta, o dever de cuidado das plataformas e os riscos do fim do Programa de Verificação de Fatos”, informou a AGU.
As alterações foram anunciadas em alinhamento com a agenda do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que defende a desregulamentação do ambiente digital e se posiciona contra políticas de checagem de fatos.
Impactos Globais e Desafios Locais
As mudanças promovidas pela Meta geram repercussão global, principalmente por tratarem de temas sensíveis, como a disseminação de desinformação e discursos de ódio. No Brasil, especialistas alertam que flexibilizar políticas de conteúdo pode criar um ambiente propício para violações de direitos e a propagação de fake news.
Ao mesmo tempo, o debate sobre liberdade de expressão ganha novos contornos, com governos, empresas e sociedade civil buscando equilibrar o direito à livre manifestação e a proteção dos direitos fundamentais.