Inflação em alta moderada
O mercado financeiro ajustou para cima a previsão de inflação no Brasil para 2024, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (16) pelo Banco Central (BC). A expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,84% para 4,89%. O número está acima do teto da meta de inflação de 4,5% estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2025, a projeção também subiu levemente, de 4,59% para 4,6%.
Embora o IPCA em novembro tenha registrado 0,39%, a inflação acumulada em 12 meses está em 4,87%. Esse cenário reflete o impacto de preços mais elevados, principalmente no setor de alimentos. O sistema de meta contínua, que entrará em vigor em 2025, deve proporcionar mais estabilidade, com o centro da meta fixado em 3% e margem de 1,5 ponto percentual para variações.
Taxa Selic e política monetária
O BC continua utilizando a taxa básica de juros, a Selic, para controlar a inflação. Atualmente fixada em 12,25% ao ano, a Selic está em seu maior nível desde dezembro de 2023. Este aumento foi impulsionado por incertezas econômicas globais e pela recente valorização do dólar, que tende a pressionar os preços internos.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC sinalizou que poderá aumentar a Selic em mais 1 ponto percentual em janeiro e março de 2025. O objetivo é conter a demanda interna e evitar uma escalada inflacionária.
Para 2025, a previsão é de que a taxa Selic atinja 14% ao ano, enquanto projeções para 2026 e 2027 apontam quedas graduais para 11,25% e 10% ao ano, respectivamente.
Crescimento econômico e câmbio
Apesar do cenário de inflação alta, o crescimento da economia brasileira tem superado expectativas. O Produto Interno Bruto (PIB) deve fechar 2024 com expansão de 3,42%, segundo projeções do mercado. O desempenho no terceiro trimestre, com alta de 0,9% em relação ao trimestre anterior, reflete o vigor da economia nacional, que acumula crescimento de 3,3% de janeiro a setembro.
Para 2025, a estimativa de crescimento do PIB é de 2,01%, enquanto os anos seguintes mantêm previsões estáveis de 2%. A cotação do dólar deve encerrar 2024 em R$ 5,99 e, no ano seguinte, atingir R$ 5,85.
Impactos e perspectivas
O ajuste nas projeções do mercado reflete um equilíbrio entre o crescimento econômico e os desafios inflacionários. A elevação da taxa Selic, embora contenha a inflação, pode restringir o consumo e o crédito. Contudo, o mercado permanece otimista com a capacidade de recuperação e expansão da economia brasileira, especialmente com a transição para a meta contínua de inflação e o fortalecimento do PIB.