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Mercado financeiro revê inflação para baixo, mas Selic preocupa.

Mercado ajusta inflação para baixo (5,20%), mas Selic alta (15%) ainda preocupa; projeções para PIB e câmbio também são revisadas no Boletim Focus.
Boletim Focus inflação Selic 2025
Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

O mercado financeiro revisou para baixo a projeção da inflação para este ano, conforme o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (30). Entretanto, a manutenção da taxa Selic em patamar elevado ainda gera preocupação entre os analistas. Além disso, o relatório do Banco Central (BC) também trouxe ajustes nas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) e a cotação do câmbio.

Inflação Recua, Mas Meta Ainda Preocupa

De acordo com o Boletim Focus, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, passou de 5,24% para 5,20% em 2025. Apesar da leve melhora, a projeção ainda se mantém acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Ou seja, o limite superior da meta é de 4,5%. Para os anos seguintes, a projeção para 2026 se manteve em 4,5%, enquanto para 2027 e 2028, as expectativas são de 4% e 3,83%, respectivamente.

Em maio, a inflação oficial registrou 0,26%, impulsionada principalmente pelo aumento nos preços da energia elétrica residencial. Esse resultado representa uma desaceleração em relação a abril, quando o IPCA atingiu 0,43%. Os dados acumulados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a inflação acumula 2,75% no ano e 5,32% nos últimos 12 meses.

Taxa Selic Mantém-se Elevada

Para controlar a inflação, o Banco Central utiliza a taxa básica de juros, a Selic, como seu principal instrumento. Atualmente, a Selic está fixada em 15% ao ano, conforme decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar do recente recuo da inflação, as incertezas no cenário econômico levaram o Copom a elevar os juros em 0,25 ponto percentual em sua última reunião, marcando o sétimo aumento consecutivo em um ciclo de contração da política monetária.

A ata da reunião do Copom indicou que a intenção é manter a Selic no mesmo patamar nas próximas reuniões, enquanto se avaliam os efeitos do ciclo de alta sobre a economia. Entretanto, o Comitê não descartou a possibilidade de novos aumentos, caso a inflação apresente sinais de alta. Essa decisão surpreendeu parte do mercado financeiro, que não esperava um novo aumento da taxa. Diante desse cenário, a estimativa dos analistas é que a Selic encerre 2025 em 15% ao ano. Para o final de 2026, a expectativa é de uma redução para 12,5% ao ano, seguida por novas quedas para 10,5% ao ano em 2027 e 10% ao ano em 2028.

Impactos da Taxa Selic na Economia

O aumento da taxa Selic tem como objetivo principal conter o aquecimento da demanda, o que, consequentemente, impacta os preços. Juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança. Além da Selic, os bancos consideram outros fatores ao definir as taxas de juros cobradas dos consumidores, como o risco de inadimplência, o lucro e as despesas administrativas. Dessa forma, taxas mais elevadas podem dificultar a expansão da economia.

Por outro lado, a redução da Selic tende a tornar o crédito mais acessível, incentivando a produção e o consumo, o que pode reduzir o controle sobre a inflação e estimular a atividade econômica.

Projeções para o PIB e o Câmbio

A estimativa das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira em 2025 permaneceu em 2,21%, conforme a última edição do Boletim Focus. Para 2026, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) teve uma leve alta, passando de 1,85% para 1,87%. Para os anos de 2027 e 2028, o mercado financeiro estima uma expansão do PIB de 2% para ambos os anos.

No primeiro trimestre de 2025, a economia brasileira apresentou um crescimento de 1,4%, impulsionado pelo desempenho da agropecuária, de acordo com dados do IBGE. Em 2024, o PIB fechou com um aumento de 3,4%, representando o quarto ano seguido de crescimento e a maior expansão desde 2021, quando o PIB alcançou 4,8%.

Finalmente, a previsão para a cotação do dólar é de R$ 5,70 para o final de 2025. A estimativa para o final de 2026 é que a moeda norte-americana atinja R$ 5,79.