O Brasil está em alerta máximo devido ao ressurgimento da meningite, uma doença infecciosa conhecida por sua rápida progressão e alto potencial de deixar sequelas neurológicas graves. Dados recentes do Ministério da Saúde revelam um cenário preocupante: até o dia 1º de outubro, o país já havia registrado 11,2 mil casos da doença em 2024.
A gravidade da situação é sublinhada pelo número de óbitos. No total, 1.121 vidas foram perdidas para a meningite. A forma bacteriana, que é frequentemente mais letal, foi responsável por 4.867 casos e 799 mortes. Já a meningite viral somou 3.821 registros e 83 óbitos. Esses números reforçam a necessidade urgente de intensificar a vacinação contra meningite em todas as faixas etárias elegíveis.
Embora o cenário nacional exija atenção, algumas regiões demonstram esforços notáveis na imunização. O Distrito Federal, por exemplo, confirmou 69 casos entre janeiro e setembro deste ano, mas registrou um avanço significativo na cobertura vacinal. Em 2024, foram aplicadas 30,3 mil doses de vacinas protetoras, superando o número do ano anterior e elevando a cobertura para 95,3% — um crescimento de quase 2 pontos percentuais.
Tereza Luiza Pereira, gerente da Rede de Frio Central da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), destaca a facilidade e a importância de manter o esquema vacinal em dia. “A dose da meningite pode ser aplicada junto a qualquer outra vacina do calendário nacional. Manter a caderneta atualizada é a forma mais eficaz de proteger, principalmente, bebês, adolescentes e jovens adultos, que são grupos de risco”, explica Pereira.
O Esquema Completo de Vacinação contra Meningite
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é a principal ferramenta de combate à doença no Brasil, oferecendo gratuitamente um arsenal de cinco vacinas essenciais que protegem contra diversos sorotipos de meningite. A vacinação contra meningite é um direito e um dever cívico, e o PNI disponibiliza as seguintes imunizações:
- BCG: Protege contra formas graves de tuberculose, incluindo a meningite tuberculosa.
- Pentavalente: Combate a difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e a Haemophilus influenzae tipo b (Hib), uma das causas da meningite bacteriana.
- Pneumocócica 10v: Previne infecções graves causadas pelo pneumococo, incluindo meningite e pneumonia.
- Meningocócica C (conjugada): Protege contra o meningococo do tipo C.
- Meningocócica ACWY (conjugada): Essencial para a proteção contra os sorotipos A, C, W e Y. Esta vacina é prioritariamente direcionada a adolescentes de 11 a 14 anos, mas também é aplicada como reforço aos 12 meses de idade.
A Secretaria de Saúde reforça que a vacinação contínua é a única barreira eficaz contra surtos. Por isso, pais, responsáveis e os próprios adolescentes devem verificar suas cadernetas para garantir que o esquema vacinal esteja completo e dentro do prazo estipulado.
Regras de Reforço e Recuperação de Doses
Para aqueles que perderam o prazo de imunização, o Ministério da Saúde estabeleceu regras claras para a recuperação de doses, conforme a Nota Técnica nº 77/2025. A flexibilidade visa garantir que o maior número possível de crianças esteja protegido.
Bebês que deixaram de receber a dose de reforço da vacina meningocócica aos 12 meses de idade podem receber a imunização de recuperação até os 4 anos, 11 meses e 29 dias. É crucial que este prazo seja respeitado para garantir a proteção máxima durante a primeira infância.
No entanto, há uma exceção importante: crianças que receberam a dose aos 12 meses utilizando a vacina meningocócica C são consideradas devidamente vacinadas e não necessitam da dose de reforço. Essa orientação simplifica o calendário e garante que os recursos sejam direcionados para aqueles que realmente precisam da atualização.
A mobilização pela vacinação contra meningite é um esforço coletivo. Com mais de mil mortes registradas, a atualização da caderneta não é apenas uma recomendação médica, mas uma medida urgente de saúde pública para conter a disseminação desta doença devastadora.



