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Megaoperação no Rio: 121 mortos, Doca foragido e 20 mandados cumpridos

A Operação Contenção, maior e mais letal no Rio, resultou em 121 mortos e 113 prisões nos complexos do Alemão e Penha, mas o chefe do Comando Vermelho, Doca, segue foragido.
121 mortos Doca foragido
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Uma megaoperação policial de grandes proporções no Rio de Janeiro, batizada de “Contenção”, resultou na lamentável marca de 121 mortes e 113 prisões nas comunidades dos complexos do Alemão e da Penha. Entretanto, Edgar Alves de Andrade, amplamente conhecido como Doca e considerado o principal líder foragido do Comando Vermelho, conseguiu escapar da captura. Esta ação, que mobilizou um vasto contingente, destaca-se como a mais letal e de maior escala já empreendida no estado.

Detalhes da Operação e Primeiros Resultados

As Secretarias de Segurança Pública e de Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgaram, nesta sexta-feira (31), os resultados iniciais da Operação Contenção. Das cem ordens de prisão que motivaram a ação, apenas vinte foram efetivamente cumpridas. Além disso, a operação teve um desfecho trágico para ao menos quinze pessoas que eram alvos desses mandados judiciais, pois foram mortas durante o confronto.

No que tange às prisões, foram realizadas 113 detenções. Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, parte dessas prisões ocorreu em flagrante, e todas foram mantidas após as audiências de custódia. Em contrapartida, o principal alvo da operação, Doca, permanece em situação de foragido. Ele é amplamente reconhecido como o mais importante chefe do Comando Vermelho que ainda não está sob custódia.

Apesar de Doca não ter sido capturado, a operação obteve um sucesso significativo com a prisão de seu operador financeiro. Victor Santos, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, ressaltou que esta prisão, juntamente com a apreensão de discos rígidos (HDs) e outros materiais pertinentes, deverá impulsionar substancialmente as investigações relacionadas à lavagem de dinheiro do Comando Vermelho. Portanto, os desdobramentos prometem novas revelações.

O Cenário de Mortes e a Escala da “Contenção”

A Operação Contenção, deflagrada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, mobilizou um efetivo impressionante de 2,5 mil policiais, configurando-se como a maior e também a mais letal incursão já registrada no estado. O governo estadual reconhece oficialmente 121 mortes, incluindo quatro policiais, e admite que esse número ainda pode ser revisado para cima.

Por outro lado, organizações da sociedade civil apresentam uma contagem ainda mais alarmante, estimando que o total de óbitos já supera 130. O principal objetivo declarado da operação, conforme o governo do estado, era frear o avanço do Comando Vermelho, buscando cumprir 180 mandados de busca e apreensão e os mencionados cem mandados de prisão. Nesse sentido, a dimensão da ação reflete a gravidade do problema.

Especificamente sobre os cem mandados de prisão, trinta deles foram expedidos pelo estado do Pará. Desses, cinco indivíduos foram efetivamente presos, enquanto quinze foram mortos durante a operação. Consequentemente, outros dez alvos desses mandados do Pará seguem foragidos, indicando a complexidade e a abrangência da rede criminosa.

Desafios na Identificação das Vítimas

O processo de identificação das vítimas fatais representa um desafio considerável. Até o momento, o secretário Felipe Curi informou que 99 das 121 pessoas mortas foram identificadas. Dessas, 78 possuíam histórico criminal, e 42 tinham mandados de prisão pendentes. Entretanto, ainda não foi possível determinar se esses mandados pendentes eram específicos desta operação ou se já existiam previamente.

A dificuldade na identificação é agravada pelo fato de algumas das pessoas mortas serem originárias de outros estados. Curi detalhou que, até agora, 40 das pessoas identificadas são de localidades diversas, como Pará, Amazonas, Bahia, Ceará, Paraíba, Goiás, Mato Grosso e Espírito Santo. Isso sugere uma capilaridade interestadual nas atividades criminosas investigadas.

Manutenção da Segurança e Desdobramentos Futuros

Em conclusão, o secretário Curi enfatizou que o policiamento nas regiões dos Complexos da Penha e do Alemão permanece reforçado. Esta medida visa garantir a continuidade da ordem pública e prevenir novos conflitos após a operação de grande envergadura. Portanto, a vigilância se mantém intensificada enquanto as investigações prosseguem.