MC Poze do Rodo, cujo nome verdadeiro é Marlon Brendon Coelho Couto da Silva, tornou-se formalmente réu na Justiça do Rio de Janeiro. O funkeiro e outros indivíduos foram denunciados por tortura e extorsão mediante sequestro, tendo como vítima seu ex-empresário, Renato Antonio Medeiros. Apesar de o juiz ter aceitado a denúncia, o artista responderá ao processo em liberdade, uma decisão que repercutiu amplamente.
Aceitação da Denúncia e Liberdade Provisória
Nesta sexta-feira, 1º de dezembro, o juiz Guilherme Schilling Duarte, titular da 11ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça, acatou a denúncia apresentada. Entretanto, o magistrado rejeitou o pedido de prisão preventiva para os réus, determinando que todos os acusados aguardem o andamento do processo em liberdade. O juiz justificou sua decisão ao constatar a existência de “indícios de materialidade e de autoria delitiva” por parte dos envolvidos. Ademais, ele ressaltou que a denúncia descreve “os fatos criminosos em todas suas circunstâncias, permitindo a completa compreensão da acusação e, consequentemente, o exercício da ampla defesa”.
Além de MC Poze, a ação penal inclui como réus Fábio Gean Ferreira da Silva, conhecido como Loirinho; Leonardo da Silva de Melo, vulgo Leo; Matheus Ferreira de Castilhos, identificado como Tiza; Maurício dos Santos da Silva; Rafael Souza de Andrade, o Casca; e Richard Matheus da Silva Sophia. Em um desdobramento adicional, o juízo também negou o pedido para o sequestro de bens do cantor, um valor mínimo de R$ 300 mil, que tinha como propósito assegurar uma eventual indenização por danos morais e materiais ao ex-empresário.
A Posição da Defesa
Em nota oficial, o advogado Fernando Henrique Cardoso Neves, responsável pela defesa de Marlon Brendon, expressou a confiança em sua inocência. A equipe jurídica enfatizou que a mesma decisão que acolheu a denúncia refutou integralmente o que consideraram um “inusitado e incabível pedido de prisão preventiva” para um cliente que, segundo eles, sempre demonstrou respeito irrestrito por todas as deliberações do Poder Judiciário. A defesa reiterou o otimismo quanto ao desfecho, afirmando: “Confiamos que ao fim deste processo a Justiça será feita e Marlon será inocentado de todas as acusações.”
Detalhamento do Caso de Tortura e Extorsão
Conforme os elementos apresentados na denúncia pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), o ex-empresário de MC Poze do Rodo foi submetido a intensas agressões, tanto físicas quanto psicológicas, em fevereiro de 2023. Os atos teriam ocorrido na residência do artista, localizada em Vargem Grande, na zona oeste do Rio. A motivação central, de acordo com a acusação, era forçar uma confissão sobre a suposta subtração de uma parte de uma pulseira de ouro.
Entretanto, mesmo após a devolução do objeto, Medeiros teria sido mantido em cárcere privado por aproximadamente uma hora e meia. Durante esse período de confinamento, ele teria sofrido uma série de violências, incluindo socos, chutes, queimaduras com cigarros acesos e golpes desferidos com uma arma artesanal, confeccionada com madeira e pregos. Subsequentemente, as agressões resultaram em fraturas, lesões extensas e, lamentavelmente, deformidades permanentes. Todas essas consequências foram confirmadas e documentadas por um laudo pericial, que corrobora a gravidade dos fatos narrados na denúncia.
Histórico de Prisões e Investigações Anteriores
É importante destacar que MC Poze do Rodo já esteve sob os holofotes policiais em situações anteriores. Em maio deste ano, por exemplo, o artista foi detido por agentes [https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2025-05/policia-prende-cantor-mc-poze-do-rodo-no-rio-de-janeiro]da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Civil do Rio. Naquela ocasião, as autoridades justificaram a prisão alegando que as letras de suas músicas promoviam apologia ao tráfico de drogas e ao uso ilegal de armas de fogo. Além disso, a polícia indicou que as composições do funkeiro incitavam confrontos armados entre facções criminosas rivais.
Atualmente, o cantor também permanece sob investigação por um suposto envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho. Apesar da detenção, Poze do Rodo foi colocado em liberdade [https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2025-06/saida-de-mc-poze-do-rodo-do-presidio-e-marcada-por-tumulto] apenas cinco dias depois, por decisão judicial, um evento que gerou intensa cobertura e debates na mídia à época.