O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, defendeu nesta quinta-feira (4), em São Paulo, a erradicação da jornada de trabalho 6×1 e a vital garantia de financiamento para as entidades sindicais dos trabalhadores. Suas declarações ocorreram durante a II Conferência Nacional do Trabalho, evento que visa debater e propor soluções para os desafios contemporâneos do ambiente laboral no país.
O Fim da Jornada 6×1 e o Fortalecimento Sindical
Durante a abertura da Etapa São Paulo da II Conferência Nacional do Trabalho (II CNT), na capital paulista, o ministro Luiz Marinho enfatizou a urgência em abordar tópicos cruciais, como a viabilidade de financiamento para os sindicatos e, ademais, o término da escala de trabalho 6 por 1, que estipula seis dias trabalhados para apenas um de descanso semanal. Marinho, portanto, salientou a necessidade de um consenso, afirmando: “Que vocês tirem daqui uma bela contribuição para a conferência nacional e que a gente possa, a partir do entendimento, enfrentar problemas que a sociedade nos pede como o fim da 6 por 1.”
Posteriormente, o ministro ressaltou a importância da negociação coletiva, declarando: “Eu sempre sou da ideia de que o parlamento deve pensar as legislações, mas sempre deixar um espaço para a mesa de negociação. Sindicatos, trabalhadores, empregadores para construir a relação do dia-a-dia.” Atualmente, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca abolir a escala 6×1 está em análise no Congresso Nacional, conforme noticiado anteriormente por diversas fontes, incluindo a Agência Brasil. Ademais, Marinho defendeu que é imperativo assegurar condições financeiras adequadas para que os sindicatos possam desempenhar plenamente seu papel na defesa dos direitos dos trabalhadores. Em suas palavras, “Eu preciso que a bancada empresarial ajude no debate com o parlamento para reconstituir o direito dos sindicatos dos trabalhadores de poder sustentar financeiramente, decentemente, para representar o segmento dos trabalhadores.” Segundo o ministro, este é um ponto fundamental, pois a ausência de recursos impede uma representação eficaz das categorias.
Desafios do Mercado de Trabalho na Era da Inteligência Artificial
Ainda na conferência, Luiz Marinho destacou a rápida e contínua transformação do mercado de trabalho, impulsionada em grande parte pelos avanços da inteligência artificial. Diante desse cenário dinâmico, o ministro frisou a necessidade premente de adaptar a força de trabalho brasileira. “Portanto, nós temos desafios imensos de qualificar e capacitar a nossa mão de obra, capacitar as nossas mentes para entender, interpretar e atuar para evitar os vários problemas que possamos ter”, ponderou. O evento, sediado na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em São Paulo, reuniu representantes de empregadores, trabalhadores e do governo para discutir as prioridades e obstáculos do cenário laboral paulista. Em seguida, as propostas aprovadas nesta etapa serão encaminhadas para a fase nacional da conferência, agendada para março de 2026, igualmente na capital paulista.
Retrato do Trabalho Decente e Desigualdades em São Paulo
O “Diagnóstico do Trabalho Decente de São Paulo”, um relatório detalhado divulgado pela pasta, oferece um panorama elucidativo do mercado de trabalho no estado. Os dados revelam que 70,8% da força de trabalho está formalizada, índice superior à média nacional. Entretanto, apesar desse avanço, cerca de 7,1 milhões de pessoas permanecem na informalidade. Em contraste, a taxa de desocupação é de 5,1%, contudo, este número eleva-se para 8,1% entre jovens com idade entre 18 e 29 anos.
Por outro lado, o rendimento médio estadual, de R$ 4.170, supera a média nacional. Todavia, persistem significativas desigualdades de gênero e raça. Mulheres, por exemplo, recebem apenas 77% do rendimento dos homens, enquanto pessoas negras auferem 61,5% do valor recebido por pessoas brancas. O documento também aponta a existência de 197,5 mil crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, e a necessidade urgente de expandir as políticas de conciliação entre o trabalho e a vida familiar, aspectos críticos para a promoção do trabalho decente.
Igualdade de Gênero e o Combate à Violência
Concluindo sua participação, o ministro Marinho abordou a temática da igualdade. “Tem o tema da igualdade. A igualdade de oportunidades, a igualdade salarial, mas não somente de salário. Eu sei que há um esforço das empresas em dar oportunidade cada vez mais. Mas tudo que nós fizemos até agora, é totalmente insuficiente para as necessidades”, afirmou. Marinho ainda reforçou a necessidade de maior representatividade feminina, acrescentando: “Nós precisamos de mais mulheres nas direções das empresas, das entidades.” Ele argumentou que, dada a proporção de mulheres na sociedade, é inexplicável a menor presença delas em diversas representações, enfatizando: “Mas não é por decreto. É por consciência, é por construção e essa construção deve ser coletiva.”
Além disso, o ministro comentou a questão da violência contra a mulher, que ganhou repercussão recente devido a casos ocorridos na capital paulista, como divulgado pela Agência Brasil. “Nós podemos nos nossos ambientes provocar debates que levem ao amadurecimento de homens e mulheres, em especial dos homens. Porque, se é feminicídio significa mulheres sendo agredidas pelos homens. E muitas vezes no ambiente familiar”, destacou. Este posicionamento reforça a visão de que o debate sobre direitos e igualdade é multifacetado e exige ações em diversas frentes da sociedade.



