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Manifestantes pró-Bolsonaro pedem anistia e impeachment de Moraes no 7 de Setembro

No 7 de Setembro, atos pró-Bolsonaro em São Paulo e Rio de Janeiro reuniram governadores e parlamentares para pedir anistia ao ex-presidente e o impeachment do ministro Moraes.
Atos pró-Bolsonaro 7 Setembro
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Manifestantes de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro tomaram as ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro no dia 7 de setembro, Dia da Independência, para expressar uma série de reivindicações políticas. Os atos mobilizaram governadores e parlamentares alinhados à direita, cujo principal objetivo era o clamor por anistia ao ex-chefe do Executivo, bem como o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O ambiente nos eventos era marcado por discursos acalorados e fortes críticas ao atual governo e às decisões judiciais.

Atos Pró-Bolsonaro em São Paulo: Demandas e Discursos Centrais

Na capital paulista, a Avenida Paulista foi o palco de uma grande aglomeração, organizada por movimentos de direita e grupos religiosos. Os participantes ouviram atentamente a oradores que defendiam pautas como a liberdade e a concessão de anistia ao ex-presidente Bolsonaro. Além disso, eles exigiam veementemente o afastamento do ministro Alexandre de Moraes, a quem acusavam de perseguição política. O grupo também direcionou suas críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com alguns indivíduos inclusive pedindo sua prisão durante a manifestação.

A Fala do Governador Tarcísio de Freitas

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, marcou presença e expressou um sentimento de celebração incompleta, atribuindo-o à restrição do direito de ir e vir imposta a Jair Bolsonaro. Freitas afirmou que a esquerda estaria construindo narrativas distorcidas sobre os eventos de 8 de janeiro, visando incriminar o ex-presidente. Ele argumentou ainda: “Eles possuem apenas uma delação de um colaborador, alterada seis vezes em três dias, sob coação. Não é aceitável destruir a democracia sob o pretexto de resgatá-la”, defendendo a necessidade de prudência na condução dos processos.

Nesse sentido, o governador defendeu uma anistia ampla, que abrangesse todos os envolvidos nos acontecimentos recentes, enfatizando a tradição nacional de pacificação. Ele disse que tal medida seria fundamental para “nos livrar do PT”, reiterando sua visão. Freitas, ademais, ressaltou o surgimento de uma direita anti-sistema, que advoga por um estado pró-negócios e não hesita em ocupar as ruas. Posteriormente, ele qualificou a atuação do ministro Alexandre de Moraes como uma “tirania”, reiterando o coro de críticas presente no evento.

Participação do Pastor Silas Malafaia e Controvérsias

O pastor Silas Malafaia proferiu um extenso discurso, no qual defendeu a união da direita em torno de Bolsonaro. Ele apontou o que considerava uma injustiça no processo contra o ex-presidente e denunciou abusos por parte do STF e do ministro Alexandre de Moraes, a quem categorizou como um “ditador” que desrespeitava as liberdades política e religiosa. Malafaia lembrou, por exemplo, a apreensão de seus cadernos de oração dez dias antes, quando retornava de uma viagem a Portugal, e negou firmemente estar em diálogo com autoridades estrangeiras sobre o assunto.

É importante contextualizar que, no final de agosto, Malafaia foi alvo de uma operação de busca e apreensão determinada pelo ministro Moraes. A Procuradoria-Geral da República (PGR) investigava o pastor sob a alegação de que ele teria atuado como “orientador e auxiliar das ações de coação” promovidas por Jair Bolsonaro e pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Essa investigação foi amplamente divulgada e gerou debates sobre os limites da liberdade de expressão e a atuação do judiciário.

O Discurso de Michelle Bolsonaro e Outros Apoios

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi a última a discursar no evento paulista. Suas falas tiveram um forte cunho religioso. Ela relatou a angústia de ver seu marido impossibilitado de sair de casa, impedido de realizar cultos e submetido a uma vigilância que, em sua opinião, era desproporcional. Durante a manifestação, os presentes exibiram uma bandeira gigante dos Estados Unidos, um símbolo recorrente em atos pró-Bolsonaro. Outras figuras políticas, como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, senadores e deputados, também prestigiaram o evento.

Manifestação no Rio de Janeiro e Pedidos de Anistia Ampliada

Em paralelo aos atos de São Paulo, o Rio de Janeiro também sediou uma significativa manifestação em defesa da anistia e do ex-presidente. A mobilização ocupou um quarteirão na orla de Copacabana, reunindo diversas personalidades políticas. Dentre os participantes, destacavam-se o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, além dos deputados federais Alexandre Ramagem, Luiz Lima, Eduardo Pazuello, Hélio Lopes e Clarissa Garotinho, todos filiados ao PL.

Um dos oradores notáveis foi o deputado Alexandre Ramagem, que atualmente figura como réu no julgamento da tentativa de golpe em andamento no Supremo Tribunal Federal. Em seu discurso, Ramagem clamou por uma anistia “ampla, geral e irrestrita” para todos aqueles envolvidos nos atos contra a democracia ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Essa fala gerou ainda mais controvérsia, porquanto a anistia para casos de atentado à democracia é um tema de intenso debate no cenário político nacional.

Desfile Cívico Oficial e Contrapontos Políticos

No mesmo 7 de setembro, um evento de natureza distinta ocorreu em Brasília. Mais de 45 mil pessoas acompanharam o tradicional desfile cívico-militar na Esplanada dos Ministérios. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e diversos ministros do Executivo estiveram presentes na cerimônia oficial. Contudo, uma parcela do público presente manifestou-se com gritos de “sem anistia” e “soberania não se negocia”, evidenciando as divisões políticas. Similarmente, os atos do Grito dos Excluídos, sindicatos e movimentos sociais em diversas cidades do país também ecoaram o coro “sem anistia”.

O tema central do desfile oficial deste ano era a soberania do país. Ademais, outros eixos temáticos relevantes foram a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém em novembro, e o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O pronunciamento do presidente Lula em rede nacional de rádio e TV também abordou esses tópicos, e ele chegou a rotular como “traidores da pátria” os brasileiros que, em sua visão, trabalham contra o Brasil. Portanto, o Dia da Independência se tornou um palco para diferentes manifestações de ideais políticos.

Neste ano, as celebrações de 7 de setembro aconteceram em meio a uma crise bilateral entre Brasil e Estados Unidos. Essa tensão foi deflagrada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que impôs tarifas comerciais a produtos brasileiros. A ação visava pressionar o Brasil a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, por sua vez, está sendo julgado pelo STF por crimes como tentativa de golpe e abolição do Estado Democrático de Direito. O julgamento estava previsto para ser concluído nesta semana, adicionando uma camada extra de importância aos eventos políticos nacionais.

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