Agência Brasília* | Edição: Carolina Lobo
Ainda nem eram 7h da manhã deste sábado (5) e o trabalho já havia começado no centro cirúrgico do Hospital Regional de Sobradinho (HRS). A equipe de 25 servidores estava preparada para uma maratona sem hora para acabar, mas com um objetivo bem claro: até o fim do dia, 12 pacientes vão passar por cirurgias de hérnia. A força-tarefa faz parte de um esforço de toda a rede pública da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), que fechou o mês de julho com 38.446 procedimentos realizados, sendo 23.084 de urgência e emergência.
“A saúde é uma prioridade para o governador Ibaneis Rocha e uma das principais orientações têm sido intensificar a produção cirúrgica”, afirma a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio. As forças-tarefas, a exemplo da realizada hoje no HRS, têm como foco reduzir as listas de espera formadas na fase mais crítica da pandemia da covid-19, quando os procedimentos eletivos precisaram ser suspensos.
É o caso de Ezequiel Arruda, 33 anos. Com Síndrome de Down, ele gosta de atividades físicas, com destaque para o judô, mas começou a enfrentar problemas por conta de uma hérnia inguinal. “Veio a pandemia e atrasou tudo. Até porque não podia ter nem as consultas. Ele teve que ser retirado do esporte, que ele tanto gosta, porque no fim da aula sentia dor”, conta a mãe, a professora Simone Arruda, 41 anos. Em maio, ela recebeu o chamado para a realização dos exames. “Fomos muito bem acolhidos por uma equipe maravilhosa”, elogia.
Enquanto Ezequiel estava na cirurgia, o barbeiro Arlison Neiva, 46 anos, se preparava para se livrar das dores que o acompanham há cerca de um ano. “Incomoda mais a cada dia. Vêm gases e tem horas que dão pontadas na barriga”, conta. A rotina no salão de beleza não foi interrompida, mas passou a ser mais desafiadora, sobretudo quando ele precisa se curvar para cortar os cabelos dos clientes. “A expectativa agora é de uma vida com mais conforto e mais saúde”, comemora.
A força-tarefa de cirurgias também é motivo para comemoração dos servidores. “A gente vê que pode fazer a diferença para desafogar a lista. É muito gratificante, de verdade”, revela o enfermeiro Leandro Xavier. Ele destaca que além dos 25 profissionais envolvidos diretamente no atendimento aos pacientes, outros setores do hospital também precisam ser mobilizados, como lavanderia, cozinha e esterilização.
O HRS tem registrado aumento no número de cirurgias eletivas em 2023: de janeiro a julho foram 681 procedimentos, contra 537 no mesmo período do ano passado, um aumento de 26,8%. Uma vez por mês, é realizada uma força-tarefa de um tipo específico de procedimento: já foram atendidos pacientes com hérnias e varizes, além de homens que haviam solicitado vasectomia. As próximas cirurgias previstas são de mastologia, ginecologia e ortopedia.
“O projeto é mais uma estratégia da atual gestão com o intuito de ampliar e melhorar a oferta de serviços, baseado na otimização de recursos. Tivemos também recente contribuição com a ampliação de carga horária e contratação de servidores”, detalha o diretor do HRS, Bruno Guedes. De acordo com a abertura de vagas de cirurgia no hospital, os pacientes são encaminhados pelo Complexo Regulador do Distrito Federal. A porta de entrada para o acesso são as unidades básicas de saúde (UBSs), onde é possível fazer as consultas iniciais e receber encaminhamentos.
A coordenadora de Atenção Especializada da SES-DF, Bianca Lima, lembra que todos os hospitais da rede têm atuado para agilizar a realização de cirurgias, inclusive de pacientes de urgência e emergência. “Os procedimentos eletivos têm grande relevância, mas há a prioridade para o atendimento de quem precisa de cirurgias imediatas, inclusive de forma a desocupar leitos de internação”, explica.
Bianca Lima ressalta que o esforço é acompanhado de investimentos para dar mais condições de trabalho aos servidores. Em julho, onze hospitais receberam 64 novos equipamentos de anestesia, que dão mais segurança às cirurgias. Somente nessa aquisição, o investimento foi de R$ 64 milhões. Também foi iniciado o recebimento de 227 laringoscópios, necessários para fazer a intubação dos pacientes. O próximo passo serão os bisturis elétricos.
Além disso, há o contrato de manutenção predial, assinado no ano passado, que permite a recuperação de setores de unidades de saúde. No Hospital Regional de Taguatinga (HRT), por exemplo, foram recuperados 12 leitos da unidade de terapia intensiva (UTI). “Esses leitos são fundamentais para que as cirurgias ocorram com a retaguarda necessária”, explica a coordenadora.
Rede Complementar
Além das 38 mil cirurgias realizadas nos hospitais da rede pública em 2023, a SES-DF lançou editais para a contratação de quase sete mil cirurgias na rede complementar. Em um prazo de 12 meses, as listas de espera pelos procedimentos eletivos de áreas como oftalmologia, otorrinolaringologia, urologia, varizes, coloproctologia e cirurgia de cabeça e pescoço devem ser reduzidas em 90%. O investimento total será de R$ 25,3 milhões. No início do ano, já haviam sido assinados contratos para outras 849 cirurgias eletivas, para hérnias e retiradas de vesícula e útero. Em 2022, foram realizadas 2.384 cirurgias dessas mesmas áreas, também por meio de contratos com a rede complementar.
RecadastraSUS-DF
A melhora na dinâmica de realização das cirurgias também é resultado das iniciativas de recadastramento dos usuários. Pelo telefone 160 ou pessoalmente em uma unidade básica de saúde (UBS), é possível atualizar os dados de contato para facilitar o chamamento.
É preciso ter em mãos o comprovante de residência ou, caso não tenha o documento, uma declaração escrita à mão informando o endereço de moradia, CPF ou cartão do SUS e documento de identidade (RG) ou certidão de nascimento. Também são coletadas informações sobre os dados pessoais e sociodemográficos, assim como sobre a situação de moradia e de saúde.
*Com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal
Fonte: Agência Brasília – https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2023/08/05/mais-de-38-mil-cirurgias-em-2023/