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Mafalda comemora 60 anos como símbolo de resistência e inspiração

A icônica personagem dos quadrinhos segue relevante em debates sociais e culturais, atingindo novas gerações de artistas e ativistas
Mafalda
Foto: Carlos Latuff/Divulgação

Mafalda, a personagem dos quadrinhos latino-americanos criada pelo cartunista argentino Quino, celebra 60 anos de existência. Mesmo após seis décadas, a pequena rebelde continua a inspirar artistas, ativistas e educadores ao redor do mundo. Suas críticas ácidas e humor afiado a tornaram um ícone que transcende as fronteiras de sua Argentina natal.

A influência de Mafalda no cenário social e cultural

Mafalda surgiu em 1964, e desde então, se destacou pela abordagem crítica de questões sociais, políticas e econômicas. Seu inconformismo com o mundo adulto e as injustiças que o cercam ressoam até hoje, especialmente em tempos de crise e transformação. Com frases curtas e diretas, a personagem sempre questionou o status quo, uma qualidade que a mantém atual e relevante.

O contexto atual da Argentina, com a presidência de Javier Milei e seus impactos socioeconômicos, intensificou a presença de Mafalda em protestos e manifestações. Artistas e ativistas utilizam sua imagem em cartazes e camisetas, demonstrando que o espírito crítico da personagem é necessário em um momento de crescente pobreza e restrições à liberdade de expressão no país. Carlos Lattuf, chargista brasileiro, destaca que “Mafalda deveria voltar com força total, especialmente em tempos como os atuais”.

Artistas encontram inspiração na personagem

O poder de Mafalda vai além das páginas de quadrinhos. A artista plástica argentina Jorgela Argañaras recorda como a personagem foi uma companhia durante sua adolescência, ajudando-a a lidar com a complexidade do mundo. Para Jorgela, a irreverência de Mafalda com relação ao mundo adulto a tornou uma referência para questões feministas e de igualdade.

May Solimar, quadrinista brasileira, também vê na personagem uma inspiração para abordar temas como racismo e machismo em seus trabalhos. “A Mafalda é uma inspiração incrível, um símbolo de ativismo. Ela fala de um jeito que todo mundo entende e conecta as pessoas com lutas importantes”, afirma May.

Mafalda na educação e no turismo

Taina Gonçalves, professora e guia de turismo, utiliza Mafalda em suas aulas para incentivar o pensamento crítico de seus alunos. Atualmente morando em Buenos Aires, Taina guia brasileiros que vão estudar medicina na Argentina, e vê nas tirinhas da personagem uma ferramenta eficaz de ensino. “Ela me ajuda a incentivar os alunos a se expressarem e a pensarem sobre o mundo ao seu redor”, conta Taina.

Mafalda, para Taina, é mais do que uma personagem de quadrinhos; ela é um símbolo de como devemos continuar questionando o que está ao nosso redor. “Mafalda nunca envelhece. Mesmo em tempos de crises, é essencial que continuemos a defender o direito de questionar e buscar um mundo mais justo”, conclui a professora.

O legado de Mafalda

Mesmo com a morte de seu criador, Quino, em 2020, a relevância de Mafalda permanece viva. Sua capacidade de inspirar novas gerações de artistas, ativistas e educadores reforça seu legado como um ícone de resistência e questionamento. O que começou como uma crítica ao mundo dos adultos na Argentina dos anos 60, hoje se espalha globalmente, levando mensagens de esperança, indignação e mudança.