O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva está promovendo uma união entre as nações do BRICS para enfrentar as recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos. Essas novas barreiras comerciais, que entraram em vigor nesta quarta-feira, afetam diretamente as exportações de Brasil e Índia, motivando um apelo por uma ação coordenada no cenário internacional.
A União do BRICS e as Novas Tarifas
Lula manifestou sua intenção de engajar-se em discussões com os líderes dos países que integram o BRICS acerca das tarifas americanas recém-implementadas. Em suma, ele planeja dialogar com o Primeiro-Ministro indiano, Narendra Modi, e o Presidente chinês, Xi Jinping. “Meu objetivo é conversar com eles para entender a situação específica de cada país e as implicações dessas medidas, a fim de que possamos tomar uma decisão conjunta”, afirmou Lula. Além disso, o presidente brasileiro destacou que o grupo BRICS é composto por dez nações que também são membros do G20, o fórum que reúne as maiores economias do mundo.
Nesta quarta-feira, entrou em vigor uma taxação de 50% sobre uma parcela das exportações brasileiras destinadas aos Estados Unidos. Paralelamente, o Presidente norte-americano, Donald Trump, assinou um decreto impondo uma tarifa adicional de 25% sobre os produtos da Índia, sob o argumento de que o país estaria importando petróleo russo de forma direta ou indireta.
Prioridades Domésticas e Estratégia Brasileira
Para o governo brasileiro, a prioridade imediata consiste em auxiliar as empresas nacionais a encontrar novos mercados para seus produtos e, igualmente importante, assegurar a manutenção dos empregos. Diante desse cenário, o Ministério da Fazenda deve encaminhar ao Palácio do Planalto, ainda nesta quarta-feira, o texto da Medida Provisória que detalha as ações planejadas pelo governo em resposta ao aumento das tarifas.
Lula enfatizou que, no momento, não vê espaço para negociações com o Presidente Trump. “Eu não o liguei porque ele não demonstra interesse em telefonemas. Não há razão para eu ligar para o Presidente Trump, pois em suas cartas e decisões ele não menciona negociação em momento algum, apenas novas ameaças”, explicou o presidente. Entretanto, o líder brasileiro reiterou seu compromisso em esgotar todas as possibilidades antes de “adotar qualquer outra medida que sinalize o fim das negociações” com os Estados Unidos. “Estou realizando todos esses esforços negociadores, mesmo podendo anunciar uma taxação sobre os produtos americanos. Contudo, não o farei, pois não desejo adotar o mesmo comportamento do Presidente Trump. Minha intenção é mostrar que, quando um não quer, dois não brigam, e eu não quero conflito com os Estados Unidos”, complementou. O Brasil recebeu a notificação sobre a imposição das tarifas de maneira “totalmente autoritária”, conforme pontuou Lula. “Não é a forma como estamos acostumados a negociar”, acrescentou.
A Defesa da Soberania Nacional
O Presidente Lula classificou como inaceitável qualquer tentativa do líder americano de “interferir” nos assuntos internos do Brasil. “Não se trata de uma intromissão de menor porte; é o presidente da República dos Estados Unidos acreditando que pode ditar regras em um país soberano como o Brasil. É inadmissível que os Estados Unidos, ou qualquer nação, grande ou pequena, decida se intrometer em nossa soberania”, declarou Lula.
Adicionalmente, o presidente brasileiro reforçou: “Ele que se ocupe dos Estados Unidos; do Brasil, cuidamos nós. Este país possui apenas um dono, e o único que comanda o presidente da República é o povo, aquele que o elegeu e que pode destituí-lo”. A decisão de Trump, por sua vez, incluiu críticas à legislação brasileira referente às grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs. Sobre este ponto, Lula foi categórico: “Este é um país soberano, dotado de Constituição e legislação próprias. É nossa prerrogativa regulamentar o que consideramos necessário, sempre alinhado aos interesses e à cultura do povo brasileiro. Se não desejam seguir as regulamentações, que deixem o Brasil”, concluiu o presidente.