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Lula na ONU: Palestina domina agenda após 3 países reconhecerem Estado

A questão palestina domina a agenda de Lula na ONU em Nova York, nesta segunda (22), com expectativa de mais reconhecimentos após Reino Unido, Canadá e Austrália o fazerem.
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Foto: Juan Seguí Moreno/Divulgação

A questão palestina emerge como o tema central da agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante sua participação na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nesta segunda-feira (22). De fato, a expectativa por um reconhecimento internacional ampliado do Estado palestino ganhou novo fôlego após o Reino Unido, Canadá e Austrália formalizarem seus posicionamentos, catalisando discussões entre líderes globais e indicando uma possível mudança no cenário diplomático.

O Debate Urgente sobre a Palestina na ONU

Nesta segunda-feira, dia 22 de setembro, o presidente Lula se une a outros chefes de Estado na sede da ONU, em Nova York, para uma reunião crucial focada na situação da Palestina. O ponto alto da pauta é a Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, programada para as 15h no horário local, o que corresponde às 16h no horário de Brasília.

Esta importante cúpula foi convocada em uma parceria estratégica entre a França e a Arábia Saudita. Conforme informações divulgadas pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro nutre a esperança de que este encontro se torne um divisor de águas. Por conseguinte, a delegação brasileira espera proporcionar uma plataforma robusta para que mais nações reconheçam oficialmente a Palestina como um Estado soberano, impulsionando os esforços por uma paz duradoura na região.

O Impacto dos Recentes Reconhecimentos Internacionais

Pouco antes da conferência na ONU, no domingo (21), três aliados tradicionais dos Estados Unidos – o Reino Unido, o Canadá e a Austrália – realizaram um movimento diplomático significativo. Os primeiros-ministros Keir Starmer, do Reino Unido; Mark Carney, do Canadá; e Anthony Albanese, da Austrália, anunciaram formalmente o reconhecimento do Estado da Palestina. Esta decisão, divulgada principalmente através de suas redes sociais, sinaliza uma mudança de postura considerável no cenário internacional, demonstrando um crescente apoio à causa palestina.

Em suas declarações, os líderes desses países expressaram forte condenação às ações de Israel na Faixa de Gaza, que resultaram na morte de dezenas de milhares de indivíduos, incluindo um grande número de civis inocentes. Além disso, todos os comunicados atribuíram responsabilidade ao grupo islâmico palestino Hamas pelo ataque brutal ocorrido em outubro de 2023, quando centenas de pessoas foram mortas ou capturadas durante uma festa em Israel, nas proximidades da fronteira com Gaza. É crucial ressaltar, entretanto, que os três países deixaram claro que o Hamas não deverá ter qualquer tipo de participação em um futuro Estado da Palestina, estabelecendo uma condição explícita para o reconhecimento e reforçando a busca por uma solução pacífica e democrática.

A Tradicional Presença Brasileira na Assembleia Geral da ONU

Ainda no domingo (21), o presidente Lula partiu rumo aos Estados Unidos, integrando uma comitiva abrangente que inclui o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e diversos outros especialistas e ministros. Seu objetivo primordial é participar da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, um palco global para debates cruciais que vão além da questão palestina, abarcando temas de relevância internacional.

Fiel a uma tradição que remonta a 1955, o Brasil terá a honra de ser o primeiro Estado-membro a discursar na abertura do debate geral da Assembleia. Portanto, o pronunciamento de Lula é aguardado com grande expectativa pela comunidade internacional. O presidente brasileiro subirá ao púlpito na manhã de terça-feira (23), logo após as intervenções do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e da presidente da 80ª Assembleia Geral, Annalena Baerbock, marcando um momento de destaque para a diplomacia brasileira no cenário mundial.

Fortalecimento da Democracia e Combate ao Extremismo

A agenda de Lula em Nova York prossegue na quarta-feira (24), com sua participação na segunda edição do evento “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”. Esta iniciativa, que reúne representantes de aproximadamente 30 países, é liderada em conjunto pelo Brasil, o Chile, representado por seu presidente Gabriel Boric, e a Espanha, com o presidente Pedro Sánchez, evidenciando uma colaboração internacional robusta.

De acordo com o Itamaraty, a meta central deste evento é promover uma diplomacia ativa que estimule a cooperação internacional. Desse modo, busca-se enfrentar a crescente deterioração das instituições democráticas, a propagação da desinformação, a disseminação do discurso de ódio e a persistente desigualdade social. A primeira edição do encontro ocorreu em julho, no Chile, culminando na publicação de uma declaração conjunta que solidificou os compromissos dos países participantes em prol desses ideais.

O Compromisso Brasileiro com a Crise Climática Global

Ainda na quarta-feira (24), a questão da crise climática será um dos principais focos, evidenciando outra prioridade significativa na agenda de Lula em Nova York. Um evento crucial sobre o tema será copresidido pelo Brasil e pelo secretário-geral da ONU, destacando a urgência e a colaboração global para lidar com os desafios ambientais. Durante este encontro, espera-se a apresentação de novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são os compromissos de cada país para reduzir emissões e adaptar-se às mudanças climáticas.

Adicionalmente, o presidente participará de um evento organizado pelo próprio Brasil, com o intuito de angariar maior apoio para a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre. Este fundo, que será lançado oficialmente em Belém, tem como propósito fundamental financiar a preservação de biomas florestais essenciais. Por fim, outra reunião importante na agenda ambiental é o encontro promovido pelo Centro Global de Adaptação, onde serão discutidos mecanismos e estratégias para a adaptação às mudanças climáticas, reforçando o engajamento brasileiro na busca por soluções sustentáveis e resilientes para o planeta.