O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu um significativo avanço na saúde bucal do Brasil nesta quinta-feira (21), com a entrega de 400 Unidades Odontológicas Móveis (UOMs). Essa iniciativa, que representa um investimento de R$ 152 milhões provenientes do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), visa estender o acesso a serviços odontológicos essenciais a 400 municípios em todo o território nacional. A medida beneficia, em particular, comunidades com dificuldades de acesso, como indígenas, quilombolas, pessoas em situação de rua e assentados, democratizando a atenção à saúde dentária.
Fortalecendo o Brasil Sorridente e a Prioridade na Saúde Bucal
A entrega das UOMs se insere como uma ação estratégica do Brasil Sorridente, o programa de assistência odontológica do governo, originalmente instituído em 2004, durante o primeiro mandato presidencial de Lula. Nesse sentido, o presidente enfatizou a saúde bucal como uma prioridade inadiável do Estado. Ele observou que, ao passo que é relativamente mais simples gerenciar a construção de infraestruturas como pontes, é consideravelmente mais desafiador, porém crucial, atender às necessidades práticas e urgentes da população, e a questão odontológica se destaca como uma delas.
Além disso, Lula reiterou a importância de reconhecer a saúde bucal como uma necessidade fundamental, desmistificando a ideia de que a ausência de dentes seja algo aceitável. Ele criticou veementemente a percepção de que essa condição possa ser vista como “bonita”, afirmando que não é “moral” ou “decente” para uma pessoa, mas, sobretudo, para o Estado que permite tal situação. O presidente salientou, ademais, que as unidades móveis do Brasil Sorridente não apenas alcançam as regiões mais distantes, mas também as periferias das grandes cidades, reforçando que a vulnerabilidade socioeconômica e a carência de acesso a dentistas particulares muitas vezes se encontram muito mais próximas do que se imagina.
A Indispensável Relação entre Saúde Bucal e Bem-Estar Geral
Ao abordar a relevância da iniciativa, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, sublinhou que a falta de cuidados com a saúde bucal pode levar ao agravamento de diversas outras condições de saúde. Conforme explicou, muitas doenças, incluindo certos tipos de câncer, possuem um risco elevado de desenvolvimento em indivíduos com problemas dentários. Por exemplo, uma má higiene bucal pode impactar diretamente o sistema digestivo.
Padilha acrescentou que, frequentemente, problemas dentários podem desencadear dores de cabeça sem uma causa aparente, o que demonstra a complexidade da interconexão entre as diferentes partes do corpo. O ministro frisou, portanto, que a saúde bucal transcende a questão física e afeta profundamente a dignidade das pessoas. Ele ressaltou que, lamentavelmente, uma pessoa sem dentes pode sentir vergonha de interagir socialmente, o que realça o impacto integral dessa política pública.
Alcance Nacional e Critérios de Distribuição das UOMs
As 400 unidades móveis entregues terão atuação em 400 municípios por todos os estados brasileiros. Na etapa inicial de distribuição, a região Nordeste lidera, recebendo 207 veículos, seguida pelo Norte, com 95 unidades. Posteriormente, o Sudeste contará com 45, o Centro-Oeste com 32 e, finalmente, o Sul receberá 21 UOMs. De acordo com informações governamentais, a seleção dos municípios beneficiados foi criteriosamente baseada em indicadores de vulnerabilidade socioeconômica, extensão territorial e proporcionalidade regional. O objetivo principal foi evitar a concentração de recursos e, assim, ampliar a cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) de maneira mais equitativa.
Com vistas ao futuro, o Ministério da Saúde projeta a entrega de mais 400 unidades até o ano de 2026, com o intuito de fortalecer ainda mais o atendimento em todo o país. Ademais, a previsão é que a frota de Unidades Odontológicas Móveis seja renovada a cada cinco anos, garantindo a modernidade e a eficiência dos equipamentos.
Detalhes Operacionais e Equipamentos das Unidades Móveis
Cada Unidade Odontológica Móvel é concebida como um consultório dentário completo e autossuficiente. Elas são equipadas com uma cadeira odontológica moderna, aparelho de raio-x, sistema de ar-condicionado, frigobar, exaustor, além de um gerador de energia próprio. Complementarmente, contam com canetas de alta e baixa rotação, fotopolimerizador e outros instrumentos essenciais que asseguram a qualidade e a amplitude dos procedimentos odontológicos oferecidos.
A UOM atua como um componente móvel e uma extensão das Unidades Básicas de Saúde, integrando-se à rede do Brasil Sorridente. Por conseguinte, ela está apta a ofertar tanto procedimentos de atenção primária quanto, dependendo da organização local, ações mais especializadas, como tratamentos endodônticos e a oferta de próteses dentárias. Quando necessário, os pacientes atendidos podem ser encaminhados para a continuidade do tratamento em serviços especializados, a exemplo dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) e os Serviços de Especialidades em Saúde Bucal (Sesb), especialmente em municípios com até 20 mil habitantes. Os veículos serão operados pelas Equipes de Saúde Bucal (eSB), que são habilitadas pelo Ministério da Saúde e compostas por cirurgiões-dentistas, auxiliares e/ou técnicos em saúde bucal. Atualmente, o país conta com aproximadamente 34 mil eSBs credenciadas, conforme dados de 2024. Os gestores locais podem, ainda, otimizar o uso, compartilhando uma mesma UOM entre diferentes equipes para maximizar o alcance do atendimento.
Atualizações e Novas Diretrizes para o Programa de Saúde Bucal
Durante o evento em Sorocaba, o ministro Alexandre Padilha também assinou uma portaria crucial que reajusta os valores de implantação das Unidades Odontológicas Móveis. Dessa forma, o valor de repasse mensal de custeio, pago pelo governo aos municípios, passa de R$ 7 mil para R$ 9.360. Este reajuste busca equiparar o valor de implantação ao de custeio mensal, proporcionando um suporte financeiro mais adequado às localidades.
O documento, por sua vez, estabelece as novas regras para o credenciamento das UOMs, detalhando a lista mínima de equipamentos e as características recomendadas para a utilização eficaz das unidades pelas equipes de Saúde Bucal. Uma das novidades mais significativas é que, além da tradicional vinculação à Saúde da Família, as equipes das UOMs agora podem ser associadas às equipes de Saúde da Família Ribeirinhas, e-Multi Indígena e Consultório na Rua, ampliando a capilaridade e a adequação aos diferentes contextos sociais. Além disso, uma flexibilidade importante foi introduzida: os municípios agora podem credenciar junto ao Ministério da Saúde suas próprias unidades, inclusive aquelas financiadas por emendas parlamentares, e não apenas as doadas diretamente pela pasta, o que democratiza o acesso e a gestão dos recursos.