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Lula defende incluir pobres em orçamentos como política de Estado em Roma

Em Roma, o presidente Lula defendeu a inclusão dos pobres nos orçamentos como política de Estado, citando a saída do Brasil do Mapa da Fome.
Lula defende incluir pobres orçamento
Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu veementemente a integração das populações mais vulneráveis nos orçamentos nacionais como uma política de Estado permanente. A declaração ocorreu nesta segunda-feira (13), em Roma, durante a abertura do Fórum Mundial da Alimentação. O líder brasileiro fez questão de salientar que tal medida transcende o simples assistencialismo, sendo, na verdade, um imperativo para o desenvolvimento social e econômico.

Nesse sentido, Lula reiterou a necessidade de “colocar os pobres no orçamento” e transformar essa meta em uma política de Estado consolidada. Esta abordagem, segundo ele, é crucial para evitar que os avanços sociais alcançados fiquem à mercê de crises econômicas ou das oscilações políticas. Mesmo líderes de países com orçamentos modestos, pontuou o presidente, têm a capacidade e a responsabilidade de priorizar essa escolha fundamental.

Em seu discurso, o presidente destacou um anúncio significativo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que confirmou a saída do Brasil, mais uma vez, do Mapa da Fome. Essa conquista, por sua vez, reflete o sucesso de políticas públicas focadas na inclusão. Lula compartilhou dados que atestam esse progresso, afirmando que “trinta milhões de pessoas começaram a almoçar, jantar e tomar café regularmente”. Ademais, em 2024, o país alcançou a menor proporção de domicílios em situação de insegurança alimentar grave de sua história.

Paralelamente, o Brasil registrou, no mesmo período, a menor proporção de lares com crianças menores de 5 anos enfrentando insegurança alimentar grave desde 2024. “Estamos interrompendo o ciclo de exclusão”, frisou o presidente, evidenciando o impacto transformador das ações governamentais na vida dos mais jovens.

Combate à Fome: Um Imperativo para a Soberania e a Democracia

Lula argumentou que a soberania de uma nação está intrinsecamente ligada à sua capacidade de alimentar seu próprio povo. A fome, portanto, é uma inimiga da democracia e impede o pleno exercício da cidadania. Ele enfatizou que é totalmente possível superar esse desafio global por meio de uma ação governamental coordenada e eficaz. Contudo, para que os governos possam realmente agir, é indispensável que disponham dos meios e recursos necessários para implementar as políticas adequadas.

Para tanto, o presidente enumerou medidas essenciais para alcançar esse objetivo crucial. Entre elas, figuram a ampliação do financiamento ao desenvolvimento, a redução dos custos de empréstimos internacionais, o aperfeiçoamento dos sistemas tributários e, notavelmente, o alívio das dívidas de países mais pobres. Ele sublinhou que não basta apenas produzir alimentos; a distribuição justa e equitativa é igualmente fundamental. De fato, poucas iniciativas contribuiriam tanto para a segurança alimentar global quanto uma reforma profunda da arquitetura financeira internacional, que direcionasse recursos para aqueles que mais necessitam.

Além disso, Lula abordou paradoxos globais preocupantes. Ele apontou que a América Latina e o Caribe, apesar de serem considerados o celeiro do mundo, ainda convivem com a persistência da fome em suas populações. Por outro lado, a África, mesmo com o registro de um crescimento econômico contínuo, observa um aumento preocupante nos níveis de insegurança alimentar, o que destaca a complexidade e a urgência do desafio global de nutrição.

Encontro com o Papa Leão XIV: Uma Aliança Contra a Desigualdade

Ainda em sua agenda em Roma, antes das discussões no Fórum Mundial da Alimentação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve um encontro com o Papa Leão XIV. Na ocasião, o líder brasileiro felicitou o pontífice por sua primeira exortação apostólica, a “Dilexi Te”, e pela poderosa mensagem de preocupação com os mais pobres e marginalizados.

Conforme compartilhado por Lula em suas redes sociais, ele expressou ao Santo Padre a crença de que não se pode separar a fé do amor pelos mais necessitados. O presidente enfatizou a importância de “criar um amplo movimento de indignação contra a desigualdade”, considerando o documento papal uma referência vital que precisa ser lida e, sobretudo, praticada por todos. Dessa forma, este diálogo em Roma reforça a convergência de propósitos entre lideranças políticas e religiosas na busca por um mundo mais justo e equitativo para todos.