Edição Brasília

Livro digital com 33 especialistas propõe estratégias para segurança escolar

Um livro digital lançado este mês por 33 especialistas apresenta estratégias abrangentes de segurança e gestão de crises para combater a violência e proteger crianças nas escolas brasileiras.
Estratégias segurança escolas brasileiras
Foto: Cosafe/Divulgação

Um novo livro digital, resultado do trabalho de 33 especialistas, foi lançado este mês com o propósito de apresentar estratégias detalhadas para a segurança e a gestão de crises no ambiente escolar. A iniciativa visa combater a crescente violência e, além disso, reforçar a proteção de crianças e adolescentes nas instituições de ensino brasileiras, tanto públicas quanto privadas.

Uma Iniciativa Abrangente para a Segurança Escolar

Intitulado “Escolas em Alerta”, este e-book foi elaborado por um coletivo multidisciplinar que inclui advogados, administradores, diretores de escolas, empresários, engenheiros, especialistas em segurança pública e privada, jornalistas, militares, psicólogos, professores e servidores públicos. O objetivo central é fomentar o debate sobre a segurança escolar e aprimorar as capacidades de gestão de crises, fortalecendo, assim, uma cultura de proteção da infância e um combate eficaz à violência em todo o Brasil.

A organização do projeto ficou a cargo da Cosafe, uma empresa de tecnologia especializada em sistemas de alerta e gerenciamento de incidentes críticos para diversas organizações. O livro, portanto, oferece um compêndio de propostas e diretrizes voltadas para educadores, gestores escolares, autoridades e famílias que buscam ativamente construir ambientes educacionais mais seguros e resilientes. Para acessar o conteúdo, o livro pode ser encontrado em Escolas em Alerta.

Desafios Internos e a Complexidade da Violência Escolar

Ana Flavia Bello Rodrigues, diretora executiva da Cosafe e coautora da publicação, ressalta que a análise detalhada dos riscos abrange tanto escolas públicas quanto privadas. Segundo ela, as questões relacionadas à proteção escolar transcendem a mera violência urbana.

Conforme explica Ana Flavia, os problemas de segurança nas escolas estão conectados a uma série de aspectos internos, que vão desde acidentes e uso de drogas até tentativas de suicídio, automutilação e complexos problemas de saúde mental. A especialista enfatiza que, além da violência extrema de ataques por agressores ativos — que podem ocorrer a qualquer momento —, existem muitas outras dimensões de risco que as instituições de ensino precisam endereçar de forma proativa. Neste contexto, ela afirma que os maiores perigos para a segurança escolar muitas vezes se manifestam dentro das próprias unidades.

Além disso, Ana Flavia avalia que o impacto das redes sociais na saúde mental dos jovens tem sido significativo, frequentemente contribuindo para o aumento da violência dentro das escolas, a exemplo do bullying. Ela observa que o sofrimento enfrentado por esta geração, em muitos casos, tem raízes em problemas domésticos, como o abandono, que acabam se manifestando no ambiente escolar. Consequentemente, isso pode resultar em agressões entre alunos ou ataques direcionados a funcionários e professores, criando um ambiente de instabilidade.

O Cenário Alarmante Segundo Dados Nacionais

O Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2023, que se dedicou especificamente à violência nas escolas, revela uma percepção de violência em níveis alarmantes por parte de professores e diretores. Este panorama reforça a urgência das estratégias propostas pelo livro “Escolas em Alerta”.

A publicação aponta para estatísticas preocupantes, indicando que tiroteios ou situações de bala perdida foram relatados em, no mínimo, 1,7% das escolas brasileiras. Adicionalmente, episódios de assédio sexual ocorreram em 2,3% das instituições, e 0,9% das escolas tiveram seus calendários letivos de 2021 interrompidos devido a incidentes de violência. O anuário faz um alerta: embora os percentuais possam parecer pequenos, eles representam milhares de estudantes e professores que tiveram a violência como uma experiência marcante em suas jornadas educacionais e profissionais.

Portanto, o documento conclui que são imensos os desafios impostos para que a educação consiga cumprir sua função social de permitir que o saber sistematizado seja apropriado criticamente pelos estudantes e, ao mesmo tempo, capacitá-los para uma participação cidadã ativa na vida social do país, mesmo em meio a um cenário tão adverso.