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La Niña terá intensidade fraca este ano, dizem especialistas

La Niña Chuva São Paulo

Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil

O fenômeno La Niña, conhecido por causar mudanças significativas no clima, deverá ter intensidade fraca neste ano, segundo previsões de especialistas. A climatologista Francis Lacerda, do Instituto Agronômico de Pernambuco, explicou que o La Niña, marcado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, está se desenvolvendo de forma mais lenta do que o habitual. Durante entrevista ao programa Natureza Viva, da Rádio Nacional da Amazônia, ela apontou que, apesar do início do resfriamento há dois meses, o impacto deste ano pode ser menos severo.

Previsão mais branda

O La Niña costuma provocar um aumento nas chuvas no Nordeste do Brasil e gerar seca na Região Sul, além de afetar o Centro-Oeste e o Sudeste. No entanto, de acordo com Francis, os modelos de previsão indicam que o fenômeno está atrasado e deve ser mais fraco do que em anos anteriores. “Era esperado que o La Niña estivesse mais avançado no tempo, mas a previsão é que seja uma La Niña fraca”, afirmou a especialista.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) também compartilhou suas expectativas para os próximos meses, com a probabilidade do La Niña nos meses de outubro a dezembro chegando a 60%. Para outubro, o Inmet prevê chuvas acima da média em partes da Região Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo, além de áreas do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. A chuva deve retornar gradualmente para o centro do país na segunda quinzena do mês, amenizando a seca que algumas regiões enfrentam.

Impactos das mudanças climáticas

Durante a entrevista, Francis Lacerda também abordou as mudanças climáticas globais e destacou o recente discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral das Nações Unidas, onde defendeu o multilateralismo como uma solução para a crise climática. A climatologista ressaltou que as ações para reduzir os impactos climáticos, como a redução das emissões de gases, ainda enfrentam resistência de setores econômicos.

Ela apontou o agronegócio, que foca na produção em larga escala e na exportação de carne bovina, como um exemplo de setor que precisa adaptar-se. “A energia e a água são convertidas nessas commodities, enquanto sofremos com a falta de ações para equilibrar a economia e o bioma”, disse.

Amazônia e queimadas

Outro ponto de preocupação levantado por Francis Lacerda é o risco de a Amazônia atingir o ponto de não retorno, quando a destruição do bioma se torna irreversível. Ela defende que é preciso repensar a visão da Amazônia como uma área destinada à agropecuária, alertando que essa abordagem pode trazer graves consequências ao país.

Sobre os incêndios florestais que ocorrem em várias regiões, a climatologista reforçou que a maior parte deles tem origem criminosa, com o objetivo de destruir áreas de proteção ambiental. “O monitoramento por satélite mostra que 99% das queimadas no Brasil têm ação humana”, afirmou, com as principais ocorrências concentradas na Amazônia, Cerrado e Pantanal.

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