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Justiça Tributária: Movimentos lançam carta e plebiscito por taxação dos ricos

Entidades lançam manifesto e consulta popular por sistema tributário mais justo. Meta é taxar grandes fortunas e isentar quem ganha até R$ 5 mil.
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Foto: Frente Povo Sem Medo

Organizações da sociedade civil, movimentos populares e entidades estudantis uniram forças para lançar uma carta aberta e um plebiscito popular, ambos focados na promoção de um sistema tributário mais justo no Brasil. A iniciativa visa aumentar a taxação sobre as grandes fortunas, ao mesmo tempo em que busca isentar do imposto de renda aqueles que ganham até R$ 5 mil mensais.

Entidades Propõem Reforma Tributária e Consulta Popular

Mais de 70 entidades assinaram o documento que propõe uma série de medidas para equilibrar o sistema tributário brasileiro. Entre as propostas, destaca-se o fim dos supersalários no Judiciário e a revisão das renúncias fiscais, que atualmente representam uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, foi lançado um plebiscito popular com o objetivo de colher a opinião da população sobre as mudanças propostas. A consulta está disponível online.

Críticas à Política Econômica Atual

De acordo com as organizações envolvidas, existe uma forte pressão por parte dos setores mais ricos da sociedade para forçar o governo federal a realizar cortes no orçamento de áreas sociais e a implementar reformas que retirem recursos da saúde, educação e previdência.

“Querem obstruir medidas apresentadas pelo governo para tributar especuladores do mercado financeiro, que são privilegiados pelo nosso sistema de impostos que penaliza quem vive de salários e protege quem tem renda de mais de R$ 1 milhão por mês. Além disso, bloqueiam medidas para enfrentar os supersalários de juízes e desembargadores e a aposentadoria dos militares”, afirma a carta, evidenciando a preocupação das entidades com a manutenção dos privilégios de uma pequena parcela da população.

Parlamento é Visto Como Obstáculo à Mudança

O documento também critica o Congresso Nacional, acusando-o de atuar como um “guardião dos privilégios” das elites econômicas e políticas. As entidades argumentam que o parlamento tem sistematicamente bloqueado as tentativas de construir um sistema tributário mais progressivo, que vise distribuir melhor a riqueza e reduzir as desigualdades históricas que marcam o país.

Demandas ao Congresso Nacional

Diante desse cenário, as organizações populares, incluindo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), demandam que o Congresso Nacional aprove medidas como a tributação dos super-ricos, das transações financeiras, dos fundos de especulação e das empresas exportadoras. Além disso, defendem o aumento da taxação sobre altas rendas, capital e lucros.

Revisão das Renúncias Fiscais e Gastos com Emendas Parlamentares

Outro ponto crucial levantado na carta é a necessidade urgente de revisão das renúncias fiscais concedidas a diversos setores da economia, que, segundo o documento, representam 4,8% do PIB brasileiro. Paralelamente, os movimentos signatários defendem a restrição dos gastos com emendas parlamentares, que atualmente somam cerca de R$ 50 bilhões por ano.

Defesa dos Recursos para a Seguridade Social

Ademais, as entidades se posicionam em defesa dos recursos destinados à seguridade social, rejeitando qualquer proposta de nova reforma da previdência e a desvinculação das aposentadorias do salário-mínimo. A manutenção dos pisos constitucionais da saúde e da educação também é defendida com veemência.

Preservação das Áreas Sociais e Políticas Públicas

Em adição a essas demandas, a preservação das áreas sociais e a implementação de políticas públicas para moradia, reforma agrária, direitos das mulheres, igualdade racial e direitos humanos são consideradas prioritárias. As entidades também defendem a proteção dos serviços públicos e o atendimento adequado aos cidadãos, rejeitando propostas de reforma administrativa que possam prejudicar a população.

“É hora de pressionar o Congresso e exigir que o Orçamento Público sirva à maioria, não aos interesses de uma minoria privilegiada”, conclui o documento, convocando a sociedade a se mobilizar em defesa de um sistema tributário mais justo e igualitário.

Plebiscito Popular: A Voz da Sociedade

O plebiscito popular, intitulado “Plebiscito Popular Por um Brasil mais Justo”, tem como objetivo coletar a opinião da população sobre a isenção do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF) para quem ganha até R$ 5 mil, a taxação de quem ganha mais de R$ 50 mil por mês e o fim da escala 6×1. A consulta popular estará aberta até o dia sete de setembro.

Uma cartilha foi lançada com o intuito de detalhar os eixos principais da mobilização, os temas que serão votados e orientações para a realização da votação, visando garantir a participação informada e consciente da população.

Em conclusão, a carta e o plebiscito representam um esforço conjunto da sociedade civil para promover uma reforma tributária que beneficie a maioria da população, reduzindo as desigualdades e garantindo recursos para áreas essenciais como saúde, educação e previdência.