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Justiça nega prisão de Ciro, mas proíbe menções a Janaína Farias

A Justiça Eleitoral do Ceará negou pedido de prisão de Ciro Gomes, acusado de violência política de gênero contra Janaína Farias, mas proibiu menções ofensivas à prefeita.
Ciro Gomes proibição Janaína
Foto: Reuters/Adriano Machado/Direitos Reservados

A Justiça Eleitoral do Ceará recusou um pedido de prisão preventiva contra o ex-ministro Ciro Gomes, que enfrentava uma acusação de violência política de gênero. No entanto, a decisão judicial impôs severas restrições ao político, proibindo-o de mencionar ofensivamente a prefeita de Crateús (CE), Janaína Carla Farias, alvo da suposta conduta. Esta medida cautelar busca equilibrar a liberdade de expressão com a proteção à dignidade da prefeita, evitando novas hostilidades públicas.

Detalhes da Decisão Judicial

O parecer foi emitido no domingo, 14 de abril, pelo juiz Victor Nunes Barroso, da 115ª Zona Eleitoral de Fortaleza. O pedido de prisão foi protocolado pela Advocacia do Senado, responsável pela defesa de Janaína Farias no processo em questão. A prefeita, filiada ao PT, anteriormente ocupava a cadeira de senadora antes de assumir a gestão municipal em Crateús. Apesar de não acatar a solicitação de detenção, o magistrado foi enfático ao proibir Ciro Gomes de qualquer pronunciamento que inclua ofensas, injúrias ou difamações contra Janaína Farias, seja de maneira direta ou indireta.

Sanções e Proibições Específicas

Conforme a determinação judicial, se houver descumprimento das proibições estabelecidas, Ciro Gomes estará sujeito a uma multa de R$ 10 mil por cada postagem ou declaração que viole a medida. O juiz Barroso argumentou que, considerando as particularidades do caso, uma medida cautelar alternativa à prisão seria mais adequada e suficiente. Ele especificou a proibição de qualquer menção ao nome da prefeita, mesmo que de forma velada, em eventos públicos ou privados de caráter público, como reuniões, entrevistas e demais eventos, e também em publicações nas redes sociais. Portanto, a intenção é cessar imediatamente qualquer forma de ataque à honra da política.

Origem da Acusação e o Início do Processo

O ex-ministro Ciro Gomes passou a figurar como réu neste processo em julho de 2024. A ação judicial teve origem após uma entrevista na qual Ciro fez declarações polêmicas sobre Janaína Farias. Na ocasião, ela exercia o cargo de senadora. Ele afirmou que Janaína atuava como “assessora de cama” do então ministro da Educação, Camilo Santana (PT-CE), uma declaração que gerou grande repercussão e foi considerada ofensiva por muitos. Em seguida, estas falas foram interpretadas como violência política de gênero, culminando na abertura do inquérito e na subsequente decisão judicial.

A Posição da Defesa de Ciro Gomes

A defesa de Ciro Gomes, representada pelo advogado Walber de Moura Agra, manifestou-se a respeito da decisão judicial. O advogado reiterou a posição de que seu cliente não praticou violência de gênero. “Decisão judicial, a gente não discute, a gente cumpre”, afirmou Agra. Entretanto, ele ressaltou que, embora a medida cautelar se aplique a casos de calúnia e difamação contra a prefeita Janaína, não houve uma interdição do debate político mais amplo. Por exemplo, a defesa sustenta que Ciro Gomes tem o direito de discutir publicamente os critérios de indicação para determinados cargos públicos no Ceará. Dessa forma, o foco da argumentação da defesa persiste na separação entre crítica política e o alegado ato de violência de gênero, buscando defender a legitimidade das declarações de Ciro Gomes no contexto de um debate político.

Apesar da negativa de prisão, a imposição de restrições rigorosas marca um ponto importante no combate à violência política de gênero no cenário brasileiro. Além disso, o caso sublinha a crescente atenção do Judiciário para declarações que podem desqualificar a participação feminina na política, exigindo cautela e respeito no discurso público. Em conclusão, esta decisão reflete a busca por um ambiente político mais íntegro e menos hostil às mulheres.

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